Pedro Mourão: - Amiúde só se sente falta de algo quando se perde. Até lá dispõe-se desse bem sem lhe dar o valor que intrinsecamente tem.
A vida só é verdadeiramente reflectida quando parte alguém de quem se gosta.
A saúde passa a ser valorada quando se está doente.
O mais aqui se enquadra como a liberdade ou a distância e separação dos que são queridos.
A perda de algo verdadeiramente importante aguça um sentimento de valoração que não acontecia até então.
Assim para uma comunidade a democracia é um sistema que assegura o chamamento de todos, sem excepção, a pronunciarem-se sobre os destinos. Quem viveu em ditadura, independentemente do seu quadrante, melhor compreende a necessidade de defesa da democracia.
A democracia assenta em determinados pilares como a separação de poderes e a independência dos juízes, cuja preservação é fulcral para assegurar os direitos dos cidadãos.
Pensar-se que estes pilares estão adquiridos é um acto de pura singeleza, que se pode traduzir no primeiro passo para que comecem a ser questionados.
A atitude de defesa da independência do poder judicial coloca-se desde logo aos próprios juízes que, em vez de singulares originalidades, devem pensar que não se pugna pela justiça se não houver independência.
Igualmente todos os juízes farão certamente melhor se estiverem, desde logo, atentos à independência do poder judicial, apenas para que não se perca!
Pedro Mourão | Correio da Manhã | 17-02-2018
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