João Paulo Raposo. Disse esta semana o político/comentador Daniel Oliveira (ou comentador/político, a ordem dos factores é arbitrária) que "eu confio mais nos políticos que nos juízes". Faz sentido. Eu por acaso também confio mais em mim próprio e nos meus amigos que nos tipos que não conheço de lado nenhum.
Mesmo que alguns dos meus amigos possam ter um ou outro problema, caramba, são os meus amigos…
Mesmo os que não são meus amigos acabam por ser meus conhecidos. Na verdade, alguns até são meus inimigos mas, por comparação àquela malta que não conheço, pelo menos estes sei o que esperar. Conheço-os. Cruzo-me com eles. Digo-lhes: Tudo bem, pá? E eles respondem. E falamos de bola, e do tempo, e do que é o prato do dia na nossa casa de pasto habitual. Enfim, mesmo naqueles que não confio muito acabo por confiar qualquer coisinha. Ao menos têm cara e têm corpo…
Agora, aqueles que não conheço, esses é que não são de confiança. Aquilo deve ser uma gente esquisita, cheia de poderes e rituais. Estou até convencido que alguns conspiram para fazer mal aos meus amigos. E tenho quase a certeza que têm um aperto de mão secreto que, quando decidem usar, logo o mundo se abate sobre os meus amigos. Não há dúvida: Duvido muito dessa gente. É altamente duvidosa.
A realidade tem dado razão a Daniel Oliveira. Ouvi dizer que, não sei bem onde, parece que alguém apertou o pescoço à mulher e foi absolvido. E também ouvi dizer que parece que outro alguém pagou a uns tipos para matar o marido e foi absolvida. Isto não se percebe. Está cada vez pior. Não sei bem o que se passou mas de certeza que são mais duas aberrações da nossa justiça. Não se pode confiar naquela gente. Sabe-se lá quem podem absolver e quem podem condenar… É uma autêntica lotaria… E aquelas vestes negras? E aquela conversa que ninguém entende? Não cheira bem. Não! Também não confio naquele pessoal. De todo.
Eu, por mim, além dos meus amigos, confio é no rato Mickey. Basta olhar para ele, com aquelas orelhinhas pretas e aquele ar trabalhador. Uma casinha bem montada e a sua Minnie de sempre. Isto sim é um tipo confiável. Já o pato Donald não me inspira confiança nenhuma. Aquele biquinho amarelo e aquela voz que ninguém entende. Ainda por cima não é só pato. É pato Donald.
É verdade. Definitivamente confio mais nos meus amigos. E no rato Mickey.
João Paulo Raposo | Doze Tábuas - Sábado Opinião | 30-01-2017
Comentários (4)
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Com efeito, a mesma acção reprovável executada por um nosso amigo ou por uma pessoa que nos é desconhecida é valorada por nós de modo diverso.
Mesmo que a acção seja exactamente a mesma.
Como é possível?
Não sei, mas sei que quanto ao nosso amigo, como o conhecemos, não hesitamos em afirmar perante terceiros que «é um bom tipo, foi um acto irreflectido que não espelha a sua personalidade», «todos têm um dia mau», «anda stressado por causa …», etc.
Relativamente ao desconhecido não lhe damos hipóteses, no mínimo é «um mau tipo».
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Todos têm o direito de confiar em quem quiserem e desconfiar de quem quiserem.
Mas, esperem lá. Quem é Daniel Oliveira ?
E porque é que eu estou a perder tempo com alguém que não sei quem é ?
Vou terminar desejando boa noite a todos.