O Presidente da República afirmou esta quarta-feira em Coimbra que o sistema de justiça "é um problema", considerando que uma justiça lenta "é uma justiça que é um travão enorme" para todos os domínios da sociedade portuguesa.
"Há um sistema de justiça que é um problema", alertou Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que o problema fundamental da justiça portuguesa que tem de ser resolvido "é a sua lentidão, sobretudo nas áreas muito especializadas".
Para o Presidente da República, este problema "não é fácil de resolver", recordando que fez um apelo no dia de abertura do ano judicial para que os parceiros da justiça "dialogassem e vissem se chegavam a acordo antes dos partidos políticos se porem a falar do sistema de justiça, mas aparentemente não é fácil".
De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, o problema não está relacionado com a qualidade dos profissionais deste setor, "que é muito elevada", mas com "questões organizativas".
"Acabo de promulgar um diploma legal sobre o mapa judicial. É a segunda reforma no espaço de menos de cinco anos", notou, considerando, apesar disso, que o diploma é um retoque "apreciável em muitos aspetos" da reforma anterior.
A justiça "não é um domínio irrelevante numa sociedade que se quer diferente", vincou o chefe de Estado, que falava no 5.º Fórum Anual de Graduados Portugueses no Estrangeiro (GraPE).
"Uma justiça lenta é uma justiça que é um travão enorme em termos culturais, económicos e sociais", alertou Marcelo Rebelo de Sousa.
Lusa/TSF | 28-12-2016
Comentários (9)
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O que agora fazem é verdadeiramente inútil, inconstitucional, um triste desperdício de mão de obra e de um salário (ao que acresce as despesas de representação).
Vejam só como estão as coisas, temos 23 "Juízes" Presidentes a passearem de tribunal em tribunal a "fazerem" (na verdade quem faz são os 23 oficiais de justiça que os acompanham) trabalho básico administrativo.
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É verdade que há muitos processos que demoram muito tempo, mais tempo do que deveria. Mas se forem a verificar, o atraso dos processos não se deve, por regra, aos juízes nem aos que trabalham nos tribunais. A maioria das vezes deriva de perícias que têm de ser pedidas a entidades exteriores aos tribunais, designadamente ao Instituto de Medicina Legal e que atrasam os processos em quase um ano ou até mais. Depois, até parece que os processos não têm advogados que muitas vezes fazem dezenas de requerimentos e incidentes. Isso não atrasa nada os processos pois não? Marcelo Rebelo de Sousa é tipo aqueles que dizem «façam como eu digo, não como eu faço». Todos os seus escritos da Universidade afinal não passam de letra morta. O que lhe importa é populismo. E muito povo, ignorante e que só dá valor à festa e aparência vai na cantiga. Pobre país, nunca sairá de lixo.
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1.
Há sempre margem para a justiça ser mais rápida, resta saber à custa de quem ou do quê.
2.
Uma medida seria institucionalizar no processo civil um sistema de conciliação obrigatória entre as partes, antes do autor recorrer ao tribunal (obrigaria o advogado contactado pelo futuro autor a desencadear esse processo, que seria intermediado ou promovido pela delegação regional da ordem dos advogados).
Há dinheiro para isto?
Haveria uma compensação paga pelas partes nos casos em que tivesse existido resolução da questão? (esta solução evitaria fraudes)
3.
Outras medidas, que teriam a oposição dos advogados e das nossas elites pensantes que nos conduziram ao estado em que estamos, passariam por retirar direitos processuais às partes.
Por retirar poder de intervenção processual às partes no processo civil e aos arguidos no processo penal, ou seja, limitando a possibilidade de estes retardarem o andamento do processo.
Por um sistema de sanções pecuniárias ou outras para quem requeresse algo que fosse indeferido (isto obrigaria os advogados a requererem menos diligências e a colocarem menos questões, o que encurtava o tempo de duração do processo) ou que tivesse de vir a ser aperfeiçoado ou completado.
Por uma decisão, a proferir na sentença, declarando irrelevante, se fosse o caso, qualquer ilegalidade que tivesse sido arguida nos autos e fosse procedente, mas não tivesse capacidade para alterar a decisão final do caso (ou seja, a decisão sempre seria aquela).
4.
Quanto às palavras do Sr. Presidente, só faltou dizer que a justiça está assim porque reflecte o estado geral do país, como não pode deixar de ser (de um país que tem de pedir dinheiro emprestado para poder pagar salários e pensões) e que este estado do país resulta do labor da classe dirigente.
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