Em entrevista à SIC, transmitida ontem à noite, admitiu estar isolado na magistratura e não ter amigos entre os juízes.
O juiz Carlos Alexandre, o magistrado que ordenou a prisão preventiva do ex-primeiro-ministro José Sócrates no âmbito da Operação Marquês, disse numa entrevista à SIC, que foi transmitida na noite de ontem, não ter dúvidas de que estará a ser alvo de escutas. Embora não o diga claramente sugere que essas escutas são ilegais. Na entrevista que decorreu em Lisboa e em Mação, a sua terra natal, em que nunca aborda os processos que teve ou tem, o juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal, recusa dar pormenores sobre os sinais dessas escutas por “não as poder comprovar”. “Sinto-me escutado no meu dia-a-dia, sobre várias formas. Por vezes há pessoas que não conseguem estabelecer contacto comigo. O telefone vai abaixo para voice mail quando eu estou em sítios onde há carga máxima e onde há comunicações. Não estou a dizer que há forças dessas.nomeadamente dos serviços de informações. Não estou a imputar”, afirmou o juiz.
De qualquer forma, o magistrado diz que essas escutas não o incomodam porque fala “abertamente” sobre o que tem de falar com as pessoas em causa, não tem “segredos” e não vê motivos para “tanta preocupação”. Carlos Alexandre, de 55 anos, falou ainda sobre o assalto à sua casa há sete anos quando lhe deixaram uma arma em cima da fotografia do filho, assunto que foi alvo de investigação. E nesse contexto garantiu não ter medo. “Se tivesse medo não levantava da cama. Aceito o meu destino. Tenho família, mas enquanto o assunto for comigo não me preocupo.”
Apelidado de super-juiz, Carlos Alexandre recusa essa alcunha até porque até porque isso lhe causa “alguma animosidade na classe”. O homem que raramente dá entrevistas ou presta declarações aos jornalistas, diz ter poucos amigos entre os magistrados. Classifica-se até como o “saloio de Mação” e “bichodo-mato”. Na sua terra, é como o “Carlos Lagarto”, recordou. Este é o homem que “guarda os maiores segredos de Portugal”? Carlos Alexandre admite apenas “que conhece muita realidade”.
Luciano Alvarez | Público | 09-09-2016
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