Pedro Mourão - A Justiça passou a dominar o espaço nobre dos media. Os programas de rádio e televisão dão ao cidadão a possibilidade de se expressarem sobre situações concretas tratadas pela Justiça.Verifica-se no entanto que o cidadão dá a sua opinião desconhecendo o circunstancialismo de atuação da Justiça. Tal desconhecimento decorre, bastas vezes, de jornalistas que não fizeram o seu trabalho, já para não falar da impreparação de comentadores de serviço.
É exigível a um jornalista, antes de lançar a sua peça como seja uma sentença, saber o seu conteúdo, não se limitando ao seu parágrafo final onde consta a pena aplicada. A seriedade deste trabalho implica, pelo menos, a leitura da fundamentação que levou àquela decisão e igualmente a sua divulgação quanto baste.
Um juiz quando sentencia tem necessariamente de fundamentar, de facto e de direito, a sua decisão. As audiências são, por regra, públicas, como aquela em que publicamente é lida a sentença. De qualquer forma, o jornalista sempre poderá consultar a sentença que pretende trabalhar.
Só assim se evita uma demagogia grosseira que arrasta o cidadão para enganos, como nos programas opinativos, pois assentam na ignorância das fundamentações, indispensável para uma informação séria. Informação sem rigor é pura fancaria!
Pedro Mourão | Correio da Manhã | 02-04-2016
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