José Sócrates confessou a Pinto da Costa que pretende ajustar contas com quem o mandou para a prisão. "Vingança" foi o termo usado pelo ex-primeiro-ministro, que promete retaliar individualmente contra quem, no seu entender, é responsável pela sua prisão preventiva.
Durante a visita na cadeia de Évora - Pinto da Costa foi ao estabelecimento prisional falar com o ex-governante -, José Sócrates garantiu ao líder azul-e-branco estar inocente. Assegura que tudo não passa de uma cabala, que as transferências de dinheiro aconteceram num quadro de amizade com o empresário Carlos Santos Silva. E explicou mesmo algumas transferências ao pormenor, como a que diz ser o pagamento do funeral do seu irmão.
José Sócrates revelou ainda a Pinto da Costa que estava desagradado com alguns dirigentes socialistas por não terem sido prontos a defendê-lo, ao contrário -lembrou- de Mário Soares, que saiu imediatamente a terreiro para garantir a sua inocência.
Pinto da Costa ouviu ainda da boca do ex-primeiro-ministro de quem ficou amigo quando aquele era secretário de Estado e tinha a seu cargo a organização do Euro 2004 - como se processavam as suas rotinas. Sócrates confidenciou que passa os dias a ler e a escrever cartas. Esses sempre foram os seus hobbies, a par do exercício físico regular, que tenta manter na cadeia. Prometeu que a sua luta será agora provar a inocência, para regressar aos palcos da política.
PORMENORES SOLIDARIEDADE
Pinto da Costa também se sente injustiçado pela Justiça, depois de ter sido investigado e absolvido pelos tribunais. Foi prestar essa solidariedade a José Sócrates.
FORA DO PAÍS
Quando a PJ do Porto foi executar o mandado contra Pinto da Costa, este tinha saído do País. A história repetiu-se no caso de Sócrates. O ex-governante estava em França quando o Ministério Público avançou com a operação 'Marquês'.
IRONIA
Dias depois de Sócrates ter sido preso, Pinto da Costa ironizou. Disse estar num país estranho, onde se prendia alguém alegando perigo de fuga quando este acabava de regressar a Portugal.
Mais agressões entre reclusos na consoada
Faltavam poucas horas para começar a ser servido o jantar de consoada na cadeia de Évora quando dois agentes da PSP se envolveram em agressões mútuas. Um dos polícias, a cumprir pena de dez anos por ter matado o cunhado, terá agredido o companheiro de cela por este ter mudado de canal de televisão. Os dois agentes acabaram por ser separados pelos guardas prisionais. Há um mês, o inspetor da PJ João Sousa, detido nesta cadeia, agrediu um agente da PSP.
Eduardo Dâmaso | Correio da Manhã | 03-01-2014
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