Perto de 30% das consultas de especialidade realizadas pelo SNS podem ser feitas com sistema de videoconferência: "basta uma webcam e uma sala onde o doente possa estar, geralmente acompanhado pelo médico da prisão e pelo do hospital".
As prisões portuguesas vão avançar com consultas via computador no final do ano, o que irá evitar cercade quatro mil saídas das prisões anuais, caso sejam generalizadas. O sistema, idêntico à videoconferência, permitirá aos reclusos ter consultas de especialidade de médicos do Serviço Nacional de Saúde, evitando as habituais saídas dos estabelecimentos prisionais, com custos elevados. Reduzindo, também, a possibilidade de tentativa de fuga.
As teleconsultas já são feitas no SNS, em particular em zonas do país onde não existem especialistas e em áreas como a dermatologia, cardiologia e cardiologia pediátrica, com rastreios e consultas, ou a doença pulmonar obstrutiva crónica, em que os doentes são monitorizados em casa. Agora, vão avançar em fase-piloto com dois hospitais - Centro Hospitalar de Setúbal e Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra -, mas deverão ser alargadas com apoio comunitário.
De acordo com José Semedo Moreira, diretor de serviços da Direção- -Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), "caso estes projetos-piloto corram bem, e o do Centro Hospitalar de Setúbal deverá ser o primeiro, temos um projeto, submetido a candidatura ao Portugal 2020, que se pretende alargar a todo o país, quer com as entidades externas à DGRSP quer aproveitando os recursos internos, nomeadamente em sede de consulta externa com o Hospital Prisional".
Segundo o organismo, foram realizadas 109 325 consultas no último ano, a maioria (88%) nas prisões, na área da clínica geral. José Moreira calcula que a telemedicina possa "evitar cerca de 30% das deslocações para consultas de especialidade", ou seja, perto de quatro mil consultas por ano quando o sistema estiver implementado.
Até aqui, os reclusos tinham acesso à saúde no interior dos estabelecimentos prisionais, 49 ao todo, já que todos têm uma equipa médica e de enfermagem, embora mais focada na clínica geral. Para apoio de outras especialidades têm duas alternativas. Por um lado, podem ter de se deslocar ao hospital prisional, que fica em Caxias. Em alternativa, tinham de ir aos hospitais do SNS.
A DGRSP diz ser difícil estimar para já as poupanças, mas Fernando Gomes da Costa, responsável pelo projeto nos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, organismo da saúde que tem trabalhado juntamente com a DGRSP, acredita que a telemedicina "irá ajudar a reduzir muito os custos. Cada deslocação implicava a saída de uma viatura, dois motoristas e dois polícias, o que tem custos dezenas de vezes superiores".
José Semedo Moreira acrescenta que não há diminuição da qualidade prestada, além de que "os doentes evitam deslocações, utilizando instalações do estabelecimento prisional". Para Gomes da Costa "havia mais riscos e até constrangimentos. Sempre que iam ao hospital havia um grande aparato. Era desconfortável para os médicos, para os utentes e para os reclusos".
Infeciologia é um dos focos
Gomes da Costa esclarece que, à partida, o serviço será similar a "uma extensão de saúde, até porque se deve usar o sistema informático da saúde". Mas a informação clínica será disponível para as duas tutelas. Esperam-se sobretudo consultas de infeciologia, gastroenterologia, dermatologia e urologia.
Para utilizar o sistema "basta uma webcam e uma sala onde o doente possa estar, geralmente acompanhado pelo médico da prisão e pelo do hospital, que faz a consulta". As situações urgentes ou que necessitem de ser vistas pessoalmente serão encaminhadas e a realização de uma destas consultas não exclui que se faça uma presencial se necessário. O Centro Hospitalar de Setúbal irá trabalhar com as prisões de Setúbal e Pinheiro da Cruz, depois será a vez do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, com consultas para Coimbra e Covilhã.
Diana Mendes | Diário de Notícias | 27-10-2015
Comentários (2)
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Mas mesmo assim, não estou a ver como é que uma consulta da especialidade se possa fazer com a adequada qualidade através de videoconferência. E o contacto com o doente? e os procedimentos de avaliação inerentes ao acto médico (auscultação, palpação, medição) que por regra lhe estão associados?
Além disso, acho que todos temos a experiência do que são as videoconferências, e do que se perde na falta do "cara-a-cara" na audição de testemunhas, peritos, etc. Para já não falar das muitas dificuldades técnicas de som e imagem que por vezes acontecem.
Como comecei, acabo: vou tentar ser optimista....
Coloquem Chips nos condenados
Uma nota para o futuro: Os chips irão ser colocados na grande generalidade das pessoas sob o pretexto de monitorizar a saúde...ninguém se irá opor......e não só... mas o resto não será do conhecimento público....
Os primeiros serão os condenados(cobaias), depois os idosos seguem-se as crianças e depois os restantes.
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