In Verbis


icon-doc
REVISTA DE 2015

MP quer mandar na PJ mas ministra recusa ideia

  • PDF

Congresso. Sindicato dos magistrados reclamou mais autonomia financeira e mais distância do poder político. Quanto à PJ, Paula Teixeira da Cruz disse compreender a ideia, mas afastou-a.

A ideia não é nova mas ontem, na cerimónia de abertura do X Congresso do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP), o presidente da estrutura sindical voltouacolocá-lanaagenda: a Polícia Judiciária deve sair da esfera do governo e ser integrada no Ministério Público. A ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, afirmou compreender a proposta, mas frisou uma contradição. "Muitos senhores magistrados optam muitas vezes pelo recurso a outras polícias", respondeu, o que causou incómodo na sala, onde também estava a procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal.

A terminar o mandato de três anos como presidente do SMMP háeleições marcadas para o final do mês -, Rui Cardoso deixou à ministra um verdadeiro caderno de encargos para os próximos anos: além da integração da Judiciária no MP, o presidente do sindicato reclamou ainda mais funcionários e mais autonomia, sobretudo financeira, para o Ministério Público. Há procuradores a "correr" de diligência em diligência e juizes que não podem realizar julgamentos porque não têm representação do Ministério Público. Faltam, pelo menos, cem magistrados, denunciou, acrescentando: "Por todo o país, assistimos hoje, em algumas jurisdições, a inúmeros juizes que não podem realizar mais julgamentos e outros atos processuais por indisponibilidade dos magistrados do Ministério Público, que estão noutras diligências com outros juizes."

Num discurso centrado na necessidade de garantir a autonomia e independência do Ministério Público e salientando que "nunca haverá verdadeira autonomia sem autonomia financeira", o magistrado sublinhou que as sucessivas alterações legislativas têm subvertido a autonomia do MP e a sua titularidade da ação penal, "no fundo, controlando as investigações criminais e assegurando o acesso às informações que essas investigações produzem". Quanto à PJ, esta deverá ser funcional e organicamente dependente do MP. Deverá ser um "corpo superior de polícia criminal, auxiliar da administração da justiça, dotado de autonomia administrativa e organizado hierarquicamente na dependência do MP". Não se referindo diretamente à questão da autonomia financeira para o MP, embora como "cidadã" afirmando compreender a necessidade, PaulaTeixeira da Cruz preferiu anunciar que a reforma dos tribunais, implementada a 1 de setembro, será ainda alvo de melhorias e de uma monitorização, acrescentando que essas mudanças serão sempre possíveis por decretos-lei: "É tempo de acabar com as questiúnculas pessoais e fazer um esforço de cooperação estratégica."

Por várias vezes foi relembrado por Rui Cardoso que a aprovação do Estatuto dos Magistrados do MP é urgente. "Não aprovar o Estatuto será para o govemo desistir da organização judiciária, conformando-se com mais uma reforma que ficou a meio", acusou o magistrado. "Este é um compromisso seu e do seu governo", rematou. Paula Teixeira da Cruz respondeu: "Ainda há tempo nesta legislatura para o fazer e este é o meu compromisso."

Já a procuradora-geral da República- talvez a reboque dos processos dos vistos gold e da operação Marquês, que envolve o ex-primeiro-ministro José Sócrates - anunciou o combate à corrupção como uma das "áreas prioritárias" do Ministério Público. Joana Marques Vidal disse já ter sido constituído um grupo de trabalho, coordenado pelo diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal, Amadeu Guerra, "com vista à elaboração da estratégia do Ministério Público contra a corrupção".

Na sua intervenção, a PGR alertou ainda os magistrados para uma mudança de paradigma na justiça Se, há uns anos, "a qualidade da justiça perspetivava-se" sobretudo na "decisão de elaborado recorte técnico-jurídico", atualmente há outros fatores que devem também ser ponderados: a tal decisão deve ser produzida em "tempo útil e eficaz", declarou Joana Marques Vidal.

DOCUMENTO

Magistrados lançam regras de conduta

O sindicato dos magistrados do Ministério Público vai apresentar uma carta de conduta que aponta a necessidade de os procuradores do Ministério Público não serem influenciados pela opinião pública ou comunicação social. Apela ainda para o cuidado a ter no uso de redes sociais e blogues.

"Os magistrados pautam a sua participação em blogues e redes sociais pela observância de especial dever de cuidado que permita acautelar que o exercício da sua liberdade de expressão não os condiciona no exercício das suas funções."

Carlos Rodrigues Lima e Filipa Ambrósio Sousa | Diário de Notícias | 07-03-2015

Comentários (0)


Exibir/Esconder comentários

Escreva o seu comentário

reduzir | aumentar

busy

Últimos conteúdos

Com o termo do ano de 2015, cessaram as publicações de conteúdos nesta Revista Digital de 2015.Para aceder aos conteúdos...

Relatório de gestão da comarca de Lisboa revela falta de dinheiro para impressoras, papel higiénico, envelopes e lâmpada...

Mudança ignorou dúvidas de constitucionalidade levantadas pelos dois conselhos superiores dos tribunais, pela Associação...

Portugal assinala 30 anos de integração europeia a 1 de Janeiro, e três décadas depois de ter aderido à então Comunidade...

Últimos comentários

Forense Magistrados: Ministério Público MP quer mandar na PJ mas ministra recusa ideia

© InVerbis | Revista Digital | 2015.

Arquivos

• Arquivos 2012 | 2013 |2014 |
Arquivo 2007-2011
Blog Verbo Jurídico
(findo)

Sítios do Portal Verbo Jurídico