A procuradora Maria José Morgado revelou ontem que, neste momento, a luta por meios no Ministério Público está a nível do papel e da tinta das impressoras. "Temos uma autonomia de mão estendida", afirmou a diretora do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, no encerramento das jornadas sobre a corrupção, que se realizaram na Figueira da Foz.
Também João Marques Vidal, diretor do DIAP de Coimbra e irmão da procuradora-geral Joana Marques Vidal, denunciou a falta de meios – nenhum magistrado tem uma impressora a cores. "Quando temos de imprimir uma fotografia a cores temos de ir à GNR ou à PSP", exemplificou.
Falando sobre o panorama da corrupção em Portugal, Maria José Morgado considerou que este fenómeno está "cada vez mais enraizado". "Torna tudo mais caro e torna-nos mais pobres", sublinhou.
A procuradora disse ainda que a corrupção "é como a gripe: num corpo humano doente pode ter efeitos fatais", defendendo tribunais especializados para a criminalidade económica, tal como já existem, por exemplo, os tribunais de família ou do comércio. "A verdadeira especialização não existe", afirmou a diretora do DIAP de Lisboa. Maria José Morgado participou numa mesa de debate que contou com Teófilo Santiago.
O assessor de investigação criminal que esteve na investigação do processo 'Face Oculta' elogiou a articulação entre a Polícia Judiciária e o Ministério Público, pedindo "coragem e vontade" aos magistrados.
Ana Luísa Nascimento | Correio da Manhã | 21-06-2015
Comentários (8)
Exibir/Esconder comentários
...
...
...
Também não tenho impressora a cores...
A sala de audiências também tem a mesma vertente ecológica, assim como a maior parte do edifício.
E tenho "guarda de honra" até à sala (arguidos e demais intervenientes pelos corredores...), da qual não posso prescindir...
Tudo está, portanto, nas suas melhores condições de "optimização de recursos".
...
A propósito vi o debate de ontem dos Prós e Contras na RTP1. Tudo exprimido, o que é que dá?? Nada. Simplesmente nada. Muita parrra e nenhuma uva. Eram só liricos. O único convidado que disse alguma coisa de jeito, foi o que estava na Delegação de Coimbra da RTP. De resto nada se aproveitou, porque os verdadeiros problemas sobre a justiça neste país, ou continuam a constituir tabú ou continua a não haver interesse em debatê-los, mas ignorá-los. É que para alguns juizes e alguns procuradores, é mais fácil assobiar para o lado e fazer de conta que não existem, para assim continuar o corporativismo e a corrupção, do que enfrentá-los destemidamente.
...
Escreva o seu comentário
< Anterior | Seguinte > |
---|