Desde Setembro de 2014, quando entrou em vigor o Mapa Judiciário, que não param de entrar na Associação Sindical dos Juízes (ASJP) queixas e "denúncias" de magistrados sobre interferências dos juízes-presidentes no seu trabalho.
A ASJP, presidida por Maria José Costeira, já pediu ao Conselho Superior de Magistratura que clarifique e harmonize os poderes concretos dos juízes que gerem as novas comarcas. Mas, enquanto isso, decidiu ela própria avançar com um Manual de Boas Práticas, a que o Diário Económico teve acesso.
Num estudo sobre as competências, que acompanha o manual, a ASJP deixa vários 'puxões-de-orelhas' ao 23 juízes-presidentes, reconhecendo que têm existido "interferências" na gestão dos processos e no trabalho dos magistrados. "É evidente que não tendo o juiz-presidente tomado posse como juiz no tribunal não se mostra investido de poder jurisdicional, seja para tramitar seja para determinar como o deve fazer qualquer juiz", avisa a ASJP, clarificando: ao juiz-presidente compete gerir a comarca, aos juizes os seus processos. A ASJP avisa os juizes-presidentes que não podem ocupar os juizes com pedidos sucessivos quando podem obter as informações no Citius.
Por isso, no Manual de Boas Práticas impõem os princípios da não interferência na gestão processual e do contraditório. Isto é, a ASJP quer que o juiz-presidente ouça sempre os magistrados das comarcas acerca das decisões que toma. I.D.B
Maria José Costeira, que preside à ASJP, pediu que fosse elaborado um manual de conduta para regular as relações entre juizes nos tribunais.
Diário Económico | 29-06-2015
Comentários (14)
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chefe melhor pago e sem fazer sentenças
Talvez fosse de pedir responsabilidades ao anterior presidente da ASJP..., hoje a trabalhar num "semi-tribunal".
medo do juiz presidente nomeado pelo poder político?
Comme il fault...
Quanto a estas últimas, foram criados os "agrupamentos de escolas". (Não lhes terem chamado aldeamentos foi uma sorte...)
Agora são os agrupamentos de tribunais e secções de proximidade e sei lá que mais. Claro que alguém tem que presidir a isto tudo, até porque isto tudo está cada vez mais parecido com um presídio...
Alguém tem de mandar. E deve ainda aparecer a figura do presidente regional dos presidentes, mais o presidente nacional dos presidentes regionais. E devem talvez criar o seu próprio sindicato, fazer os seus próprios congressos, tudo em prol da modernização de uma qualquer coisa, nem que seja de uma coisa qualquer.
Não esquecer o subsídio de "presidência", com repercussões numa futura reforma, claro, já que estão em causa "maiores responsabilidades" (comme il fault, e il fault, e de que maneira!...)
...
Ah, a seguir terá de se fazer o ranking das comarcas. a minha é melhor que a tua. por isso, o juiz presidente, por sua vez dependente do Juiz Distrital, que tem que ser hierarca dos seus juízes trabalhdores de comarca. estes têm que apresentar todos os meses, os mapas de sentenças e nos processos mais graves têm de pedir o agreement do gierarca.
Espera, isto é a brincar?????? .
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Um dos principais problemas apontado à Justiça é a morosidade.
Os problemas da justiça resolvem-se resolvendo bem cada um dos processos pendentes nos diversos tribunais.
2.
Também me parece certo que quanto mais juízes e funcionários estivem a decidir e tramitar processos mais probabilidades há de reduzir a morosidade.
E provavelmente a proliferação de cargos e estruturas gerará complexidade e não simplicidade.
3.
Por isso, custa-me ver 23 juízes-presidentes fora da decisão e tramitação dos processos (e outros tantos procuradores).
São muitos e são muitos os processos que em cada ano podiam ser decididos e não o são.
Tal como me custa ver juízes em comissões de serviço a desempenhar funções que outros não juízes podiam desempenhar (a minha crítica é dirigida ao sistema, não às pessoas que saem para essas comissões de serviço e que aproveitam as oportunidades que o sistema dá).
Assim como me custa ver os juízes a trabalhar (legitimamente) para o currículo, sendo obrigados a dividirem-se entre a dedicação aos processos e a dedicação às carreiras (algum destes dois mundos será prejudicado, qual será?).
Custa-me ver centenas e centenas de juízes a «torrar» milhares e milhares de horas em acções de formação, que logicamente não são utilizadas a resolver processos.
Até parece que o juiz já não tem capacidade para ler um livro jurídico e aprender alguma coisa lendo-o.
4.
Será que os presidentes das Relações (5), o respectivo vice-presidente e uma equipa de meia dúzia de bons funcionários não dariam conta do recado colocado a cargo desses 23 juízes-presidentes de comarca?
Não estou a dizer que sim, estou só a pensar alto (não disponho de tempo para analisar o assunto).
5.
Porém, sendo certo que nada é tão mau que não tenha algo de bom (e vice-versa), já que temos o que temos, há que fazer o melhor possível com aquilo que existe.
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Assim, subscrevendo com vénia tudo o que ele escreve, ainda acrescentaria que esta reforma e os lugares de Juíz Presidente, e tudo o que lhe vem associado, me parece um belo cavalo de Tróia. Sugiro por isso atenção ao que os romanos diziam sobre a matéria: timeo danaos et dona ferentes
E já agora: se querem acabar com a morosidade, com o que eu não poderia estar mais de acordo, para quando o fim deste insuportável "academismo" instalado, que faz com que um Juíz, para subir mais depressa na carreira tenha de abandonar o Tribunal e ser forçado a brincar aos mestrados e doutoramentos, sendo que nem 5 mestrados nem 10 doutoramentos fazem um magistrado melhor do que já era antes de os ter. Para além de ser outro "cavalo de tróia" para a cada vez maior subalternização da profissão de Juíz perante a profissão de Professor Universitário, e fornecer mais uma via para corromper quem quer muito subir. Ora, eu tenho muito respeito pelos Académicos, e leio vários dos seus escritos, mas, sem querer ofender, não gostaria de ser julgado por um Académico. Muitos deles não vivem neste mundo e olham para os problemas práticos com que os Juízes têm de lidar como equações matemáticas, que se resolvem fácilmente, em abstracto, e sem olhar para a consequência prática das suas ideias.
Alguém conhece um Professor que para ascender à Cátedra tenha sido obrigado a fazer um estágio num Tribunal, a escrever sentenças e despachos, e a vê-los reapreciados por Tribunais superiores ?
Pois, eu também não.
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Lopes Marcelo: ver no site https://www.csm.org.pt/csm/estrutura/membrosactuais
POR EXEMPLO veja os seguintes membros do CSM :
-José Manuel Moreira Cardoso da Costa, Professor Catedrático Convidado da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra
-Dr. José Alexandre Teixeira de Sousa Machado, Advogado
-Eduardo Augusto Alves Vera-Cruz Pinto, Professor da Faculdade de Direito da Universidade (Clássica) de Lisboa
-António Maria Pinto Leite, Advogado, sócio da Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados - Sociedade de Advogados
-João Eduardo Vaz Resende Rodrigues, Advogado
-Pedro Dias de Sousa Pestana Bastos, Advogado, Sócio fundador da Nobre Guedes, Mota Soares e Associados
-Maria Helena Terra de Oliveira Brandão de Sousa, Advogada
-António Manuel da Cruz Borges Pires, Advogado
-Víctor Manuel Pereira de Faria, Advogado
https://www.csm.org.pt/csm/estrutura/membrosactuais
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