In Verbis


icon-doc
REVISTA DE 2015

Fundo milionário paga prémios

  • PDF

O Fisco tem mais de mil milhões de euros aplicados em títulos de dívida pública. A verba pertence ao Fundo de Estabilização Tributário (FET), através do qual a Autoridade Tributária atribuiu prémios remuneratórios aos funcionários por terem superado o objetivo da receita fiscal coerciva.

O valor do FET atinge neste momento, segundo o Ministério das Finanças, 1064 milhões de euros. Desta verba, "encontra-se aplicado em títulos de dívida pública (CEDIC) o montante de 1024 milhões de euros "precisa o ministério de Maria Luís Albuquerque.

O atual valor de aplicações do FET em dívida pública é superior ao registado no final de 2013: nessa altura, segundo o parecer do Tribunal de Contas à Conta Geral do Estado, do saldo total de 1050 milhões de euros do FET, 996 milhões de euros estavam investidos em CEDIC.

O conselho de administração do FET é composto por dirigentes da Autoridade Tributária e representantes dos trabalhadores. Alei estabelece que as reservas do FET são aplicadas em "títulos de dívida pública ou outros garantidos pelo Estado, obrigações, títulos de participação ou outros títulos negociáveis de dívida, incluindo obrigações de caixa, depósitos à ordem ou a prazo."

Dois salários extras em 2015
Os funcionários do Fisco vão receber este ano dois salários extras, graças averba canalizada pela Autoridade Tributária ao Fundo de Estabilização Tributário (FET). Do total de 1148 milhões de euros cobrados de forma coerciva em 2014, a Autoridade Tributária afetou 5% ao FET. Ou seja, 57 milhões de euros. Deste montante apenas uma parte será utilizada no pagamento dos prémios remuneratórios aos funcionários do Fisco. A verba restante será integrada nas reservas do FET. Os salários extras atribuídos aos trabalhadores do Fisco são sujeitos ao pagamento de IRS.

FUNDAÇÃO
O FET foi criado em 1997 com o objetivo de premiar a produtividade dos trabalhadores do Fisco, no âmbito da cobrança coerciva de dívidas fiscais.
Milhões de euros foi a receita do FET nos últimos dez anos, por via da receita proveniente da cobrança coerciva de impostos.
5100 milhões de euros era o valor total das aplicações dos organismos públicos em CEDIC, no final de março deste ano.

CONCEITO DE CEDIC
Os Certificados Especiais de Dívida de Curto Prazo (CE- DIC) são títulos de dívida pública com prazo de subscrição até um ano.

António Sérgio Azenha | Correio da Manhã | 01-06-2015

Comentários (10)


Exibir/Esconder comentários
...
2 salários extra para os senhores das finanças. E os outros? Quando aprendem os funcionários do Estado?
filhos da madrugada , 01 Junho 2015 - 17:41:28 hr.
...
Pagar para oprimir e vangloriarem-se disso...

pé de vento , 02 Junho 2015 - 11:23:13 hr.
...
Um FP que promove uma execução fiscal numa repartição de finanças tem mais dois salários e um FP que recebe num tribunal um incidente declarativo dessa mesma execução não tem? Não fazem exactamente a mesma actividade de cobrança coerciva?
digo , 02 Junho 2015 - 20:20:45 hr.
...
Uns têm a massa ao seu dispor e mecanismos jurídicos agressivos e vêm o seu trabalho reconhecido e premiado.
Os outros que não têm a massa (dos outros cidadãos) ao seu dispor nem os ditos mecanismos jurídicos são uns calaçeiros que devem viver com o ordenado cortado.
Só mesmo politiqueiros de baixa qualidade é que admitem este tratamento diferenciado injustificado.
Ai Ai , 02 Junho 2015 - 23:46:07 hr.
...
Lutamos nós, toda a AP para demonstrar que temos que ter salários diferenciados porque temos actividades, missões e conhecimentos diferenciados, e chegam uns "digo" e uns "filhos da madrugada" e estragam o trabalho para tantos em nome de interesses e invejas pessoais. Nunca me lamentei dos míseros patacos que o digo paga cada vez que usa os serviços de saúde. Ainda bem que os tem. Mas isso sou eu que não tenho inveja do que os outros têm. E renovo que até estou à vontade que esta coisa nem me toca. Mas por que raio hei-de invejar o que eles recebem? Porque eu não recebo? Se calhar recebo de outra forma, se calhar tenho outras regalias, não é assim ilustres agentes da AP?
Mais respeito pelos colegas era bem vindo
Orlando Teixeira , 03 Junho 2015 - 00:05:06 hr. | url
...
E os outros?
1.
Certamente este pagamento de mais dois salários, ou um prémio equivalente a dois salários, terá base legal.
2.
Não se contesta que quem trabalha deve ser justamente remunerado tendo em conta aquilo que faz e as responsabilidades que carrega.
3.
Porém, um funcionário público que é contratado para cumprir o seu dever profissional deve cumprir esse dever sem ter que receber qualquer prémio.
4.
Um prémio só se justifica se alguém faz mais do que aquilo a que está obrigado, seja porque trabalha mais horas e produz mais, seja porque consegue produzir mais, no mesmo espaço de tempo, que o padrão médio do trabalhador em questão.
5.
Se os funcionários das finanças cumprem este requisito e recebem um prémio, não se pode dizer que não seja merecido.
6.
Mas então todos os funcionários públicos (professores, médicos, etc.) que cumpram esse requisito, nos seus respectivos lugares, deviam receber igual prémio, sob pena de violação do princípio da igualdade.
7.
O Estado, com esta medida, cria um tipo de funcionários públicos privilegiados que mais cedo ou mais tarde poderão vir a ser vítimas do descontentamento selectivo dos cidadãos.
alberto ruço , 03 Junho 2015 - 00:13:28 hr.
E os erros
grosseiramente cometidos pelo Fisco, tais como penhoras ilegais, também são descontados dos

prémios/salários dos mesmos? Ou são escondidos e coagem o contribuinte a não fazer queixa com

represálias de diariamente vasculharem a sua vida?

Vivemos num país em que o contribuinte cumpridor tem medo de exercer os seus direitos fiscais.

Se os do Fisco já se achavam superiores aos outros trabalhadores da AP (quando deviam cumprir o seu trabalho porque para isso eram pagos), imagine-se agora!
... , 03 Junho 2015 - 10:13:39 hr.
...
Dignissimo Dr. Juiz Alberto Russo

A génese do problema é classificar este pagamento como prémio que o não é, como já tive oportunidade de o referir em comentário anterior. Na verdade, quando da profunda alteração das regras de vencimentos ocorridas em 88 se não erro (DL503/88?) foram eliminados inúmeros pagamentos que existiam de forma paralela aos vencimentos, desde subsídios de deslocação, Emolumentos, Suplementos e afins, passando estes elementos retributivos a integrar um único pagamento, o qual passou a ser pago de diferentes formas consoante os serviços e as receitas que obtinha. Os que tinham receitas próprias, passaram a extrair dessas receitas o valor a pagar, enquanto os outros passaram a ser pagos do OE. Todos recebem, pelo que não há razão para qualquer funcionário da AP se queixar ou se lamentar como se fosse um enjeitado porque o não é, recebe é de outra forma. Porque razão chamaram agora prémio? Pela mesma razão que em tempos instigaram a guerra do 14º mês entre privados e públicos e que redundou em prejuízo dos dois. Agora tenta-se instigar a guerra entre agentes da AP para prejudicar todos, e há tontinhos que ainda não viram isso e embarcam. O FET como o FEA não são prémios mas o pagamento de verbas que foram retiradas em 88 e que foram elencadas para estas novas verbas, nada mais. Ainda há serviços que recebem comparticipação de coimas aplicadas. Não tenho inveja, nem tenho nada contra. Mas sabe porque isso acontece? Porque a aplicação de uma coima é sempre fonte de conflito, e ningiém quer conflitos, pelo que muitos se escudam nosvelho princípio: para quê chatear-me e arranjar problemas para mim, se não ganho nada com isso? O Estado podia encontrar uma forma de premiar diferente, mas encontrou essa. Que seja, mas apesar de tudo nem tudo é tão linear como parece, não é verdade? Respeitosamente.
Orlando Teixeira , 04 Junho 2015 - 15:47:30 hr. | url
...
Mas, Orlando Teixeira, de onde vem esse dinheiro? O fisco cultiva árvores das patacas? Para estes senhores receberem "prémios", os outros FP (e demais cidadão) têm de os pagar. Tem de perceber que, para uns terem mais, outros têm de ter menos. É uma questão de justiça; de distribuição equitativa da riqueza. Nada tem a ver com inveja (de quem "ganhou um prémio" do euromilhões. Já agora, não estamos perante prémios, mas sim perante um aumento salarial superior a 15%.
Disse , 04 Junho 2015 - 18:20:41 hr.
...
Caro Disse, se está interessado em saber, o que duvido, é procurar na net por Fundo de Estabilização Tributária - FET e está lá tudo. Afinal, os tão apregoados prémios não passam dos suplementos remuneratórios que todos os funcionários e agentes da AP recebem. Inveja sim, porque o que à data em que o regime de vencimentos foi alterado, o bolo era aquele. Se o seu era menos, temos pena, mas não tem que exigir que seja igual. Isso e só isso. Se era diferente por alguma razão seria, não é verdade? Ou pertence ao grupo dos calimeros, que correm para o buraco em que vos querem meter?
Orlando Teixeira , 04 Junho 2015 - 20:14:20 hr. | url

Escreva o seu comentário

reduzir | aumentar

busy

Últimos conteúdos

Com o termo do ano de 2015, cessaram as publicações de conteúdos nesta Revista Digital de 2015.Para aceder aos conteúdos...

Relatório de gestão da comarca de Lisboa revela falta de dinheiro para impressoras, papel higiénico, envelopes e lâmpada...

Mudança ignorou dúvidas de constitucionalidade levantadas pelos dois conselhos superiores dos tribunais, pela Associação...

Portugal assinala 30 anos de integração europeia a 1 de Janeiro, e três décadas depois de ter aderido à então Comunidade...

Últimos comentários

Atualidade Direito e Sociedade Fundo milionário paga prémios

© InVerbis | Revista Digital | 2015.

Arquivos

• Arquivos 2012 | 2013 |2014 |
Arquivo 2007-2011
Blog Verbo Jurídico
(findo)

Sítios do Portal Verbo Jurídico