O Governo vai encerrar no próximo ano letivo 311 escolas, 11 das quais estão entre as cem melhores do País, na média dos exames nacionais.
O ministro da Educação, Nuno Crato, rejeitou, quando da apresentação do número de estabelecimentos de ensino "condenados" a fechar, a ideia de que na base da decisão estivessem critérios económicos e financeiros, embora tenha admitido que o Estado fará algumas poupanças. Disse o ministro que o que aqui está em causaé a"falta de condições pedagógicas" e conceder aos alunos "melhores condições de educação e sociabilização".
Esta afirmação de Nuno Crato levanta, desde logo, uma perplexidade: como é que escolas que estão bem colocadas no ranking, à frente de muitos colégios privados das maiores áreas urbanas, e que apresentam resultados pedagógicos de topo não têm condições?
Esta é uma das perguntas que convém esclarecer. É evidente que ninguém põe em causa a necessidade de racionalizar os recursos e de redimensionar o Estado. É óbvio que ninguém defende que escolas com meia dúzia de alunos mantenham as portas abertas, por muito que isto custe a entender às populações. Aquilo que não é aceitável é a forma como o Governo tem procedido ao encerramento de vários serviços públicos, mais ou menos a eito, sem qualquer preocupação, aparente, de integração regional.
Não é possível combater a desertificação do interior fechando, na mesma região, tribunais, escolas, hospitais e centros de saúde. Fazer isto, sem qualquer programa de requalificação do interior, é condenar ao abandono as populações.
Editorial Diário de Notícias | 07-07-2014
Comentários (3)
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Um homem não precisa de falar da sua vida; as suas acções e omissões falam por ele
Para o caso clínico "Nuno Crato" tenho duas hipóteses explicativas:
ou Nuno Crato está possuído pelo demo;
ou Nuno Crato é a prova de que ser-se "um homem da Ciência"(1) atesta tanto as qualidades intelectuais e morais de um pessoa como dizer-se dele que é um "pau-para-todo-o-serviço da política". Ou como dizer-se outra coisa qualquer, seja quem for que a diga.
Neste, como já noutros casos, as acções e omissões de Nuno Crato como Ministro atestam bem quem ele é, independentemente do que ele ache de si próprio e das qualidades que outros lhe atribuem.
(1) epíteto saloio, dado por alguns "homens da Ciência" a outros que eles querem - por razões que será às vezes melhor não conhecer - pôr no mesmo patamar, e cujo processo de atribuição faz lembrar o final de uma anedota alentejana: «Olhe, amigo, aqui nesta terra só há duas pessoas boas: uma é o meu compadre Joaquim, e a outra o meu compadre que lhe diga.»