Luís Bernardo - O Tribunal Constitucional fez aquilo que uma instituição fundamental da República deve fazer ao 'bullying' político do Governo e das bancadas parlamentares da direita: relevar o ridículo, expor a sua fragilidade intelectual e mostrar que a iliteracia institucional de Passos Coelho e Luís Montenegro não passa despercebida.
No novo capítulo da ficção montada pela direita revanchista, nunca satisfeita com as revisões à Constituição e sempre, qual criança mimada, irritada com um colectivo de juizes que não lhe dá a satisfação de poder completar o projecto neoliberal de transformação do Estado, o Tribunal Constitucional afirmou o que todas as pessoas atentas aos processos políticos portugueses começam a pensar: os representantes eleitos Deveriam aprender a ler um acórdão, antes de exigirem aclarações. Os actos circenses que se seguiram, incluindo a bizarra declaração do primeiro-ministro transformado em presidente do PSD acerca da nomeação dos juizes, do escrutínio de que são alvo e do suposto poder de que gozam, mostram algo que começa a tornar-se demasiado claro.
A direita revanchista até pode estar a sair do armário, convencida do seu poderio intelectual, mas não passa de uma paródia ao liberalismo. O Tribunal Constitucional português está longe de ser uma instituição politicamente enviesada. Os acórdãos, disponíveis ao público, mostram uma pluralidade de posições que sustenta a posição seguinte: é um tribunal que mantém, como cerne, a Constituição da República. Não é um tribunal de esquerda ou de direita, embora algumas das suas posições e acórdãos possam ser posicionados ao longo dessa linha.
Ao recusar ceder à tentativa de manipulação canhestra,inábil e grosseira, como é hábito do governo -, o Tribunal Constitucional demonstra, com a teimosia própria do Direito democrático, que os redutos do Estado de Direito estão mais couraçados ¦ do que a direita, intelectual ou não, desejaria.
Luís Bernardo, Politólogo | Diário Económico | 23-06-2014
Comentários (8)
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ser ou não ser...
Aparenta ser apenas mais um pseudo-comentador do escritório de Passos Coelho e Portas (o desaparecido) que anda por todos os sites de internet tentando limpar as Bo/Burradas do governo!
Pelos vistos quem defende a Constituição e o Estado de Direito merece agora o epiteto de esquerdista!
...
O Ex-Chefe de Gabinete do Sócrates
Uma questão de não-interpretação
Pois é...
Isso passa-se com os juízes todos ! São uns incultos ignorantes que só dão erros gramaticais, inventam palavras, e escrevem coisas tolas a que chamam de sentenças!
Pelos menos é essa a opinião dos larápios em gera,l e de forma muito mais evidente a da quadrilha chefiada por PPC para além de nos roubar, ainda nos desgoverna!
Podem ignorantes falar de erros gramaticais?
Este adjetivo imotivado tem origem num particípio passado que pressupõe um verbo imotivar, cujo radical permite a formação do substantivo imotivação, interpretável como «falta de justificação»."
http://www.ciberduvidas.com/pergunta.php?id=32678