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REVISTA DE 2014

Não é defeito, é feitio

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João Galamba - À semelhança de 2013, o único efeito relevante das decisões do TC parece ser o seu impacto positivo na economia e no emprego. Tendo em conta os resultados económicos do primeiro trimestre, o aumento dos salários pode mesmo muito bem ser a única forma do governo cumprir os objectivos previstos em termos de crescimento da economia.

A única crise que existiu em resultado do chumbo de três normas do Orçamento do Estado de 2014 pelo Tribunal Constitucional (TC) foi a que o Governo decidiu criar através do seu próprio comportamento.

A outra crise, a que o Governo sempre disse que aconteceria caso acontecesse o que acabou por acontecer, estranhamente, nunca aconteceu. Os juros da dívida portuguesa, que deviam ter explodido, mantiveram-se ao mesmo nível, ou até caíram. E, no entanto, o Governo age como se o país tivesse assistido a um acto de traição e entra em desvario.

À semelhança de 2013, o único efeito relevante das decisões do TC parece ser o seu impacto positivo na economia e no emprego. Tendo em conta os resultados económicos do primeiro trimestre, o aumento dos salários pode mesmo muito bem ser a única forma do governo cumprir os objectivos previstos em termos de crescimento da economia.

Na frente orçamental, como já referiu Manuela Ferreira Leite, a situação também não parece ser problemática, porque basta usar parte da dotação provisional e da reserva orçamental para acomodar essa despesa adicional. Perante isto, não há nenhuma boa razão para se insistir na necessidade de encontrar medidas substitutivas que mantenham o nível de austeridade inicialmente previsto.

Se, como se tem visto, a austeridade não serve a economia, não serve o emprego, não garante a sustentabilidade da dívida e não parece ter grande influência nos juros, então ela não serve verdadeiramente para nada. Mas, para o Governo, a austeridade continua a ser a única alternativa e parece servir para tudo.

Para quem acredita que a crise que vivemos é, na sua origem, uma crise de finanças públicas causada por despesismo do Estado, a austeridade tem de ser, necessariamente, a única solução imaginável. Enredado nas suas próprias contradições, o Governo, pura e simplesmente, não sabe fazer de outra forma.

Não sabe e não quer. Se, como disse Maria Luís Albuquerque "a despesa pública só gera dívida, não gera crescimento, não gera rendimento", então é natural que a austeridade, independentemente dos seus resultados de curto prazo, seja entendido de modo salvífico. Trata-se, no fundo, de resolver um problema moral. Para quem pensa assim, o conflito constitucional não é um mero acidente de percurso. É um destino.

João Galamba | Diário Económico | 23-06-2014

Comentários (3)


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Mais um Caceteiro de serviço.
Este Galamba é da linha dura do socratismo. Da linha da "cacetada". Do vale tudo. Os olhos dele revelam ódio intrínseco. Parece frustração.
Antonio Mendes , 24 Junho 2014 - 15:55:18 hr. | url
Caceteiros?
Este António Mendes cheira a funcionário do gabinete do Passos Coelho... com uma esponja na mão... Ai cheira cheira!
O Galamba é de esquerda ao invés do Sócrates que era como ele próprio disse e bem, "o líder com que a direita sonhava"!
Kill Bill , 24 Junho 2014 - 17:43:00 hr.
Ga"lambada"
Um dia destes um amigo contava-me a seguinte anedota: Cuidado com esse Galamba porque com ele vai tudo à Galambada. Ri-mo-nos à gargalhada com o trocadilho, porque é mesmo do Galamba dar lambadas, "galambadas ;-)
Antonio Mendes , 25 Junho 2014 - 11:52:20 hr. | url

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