Luís Menezes Leitão - Ultimamente as comunicações ao país dos governantes correspondem a verdadeiras encenações em que os nossos órgãos de soberania fingem decidir o que há muito se encontra decidido nas instâncias europeias.
Assim, no passado dia 19 de Março, o Presidente da República comunicou ao país que tinha decidido marcar as eleições europeias para 25 de Maio, quando essas eleições já há muito que tinham sido marcadas pelo Conselho Europeu no passado dia 14 de Junho de 2013. Não querendo ficar atrás, no passado domingo o primeiro-ministro resolveu convocar um Conselho de Ministros extraordinário para decidir a saída do programa de ajustamento, quando já estava há muito decidido pelas instâncias europeias que Portugal não iria ter direito a qualquer programa cautelar, pela simples razão de que os outros países não estão dispostos a emprestar mais um cêntimo que seja a Portugal, preferindo lançar os portugueses às feras, perdão, aos mercados.
Apesar disso, o primeiro-ministro lá reuniu os ministros em procissão e anunciou o grande êxito de 17 de Maio, em que a troika deixará Portugal. Como se não tivesse sido há dias anunciado um Documento de Estratégia Orçamental em que a troika impôs decisões em matéria fiscal que deveriam caber exclusivamente aos representantes do povo. O dia em que o país deveria recuperar a sua soberania é assim o dia em que se descobre que o país de soberano já não tem nada. Resta saber por quanto tempo os nossos governantes irão continuar as suas encenações.
Luís Menezes Leitão | ionline | 06-05-2014
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