Telemóveis ou e-mails pessoais de quase dois mil magistrados estão acessíveis na Internet. Hackers conseguiram ainda as palavras-chave dos procuradores para aceder ao Sistema de Informação.
Os piratas informáticas, que sexta-feira, atacaram o site da Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL) conseguiram acesso a dados pessoais de quase todos os procuradores portugueses. A operação "Apagão Nacional" foi reivindicada pelos Anonymous Portugal.
Os dados, disponibilizados ao PÚBLICO, incluem — ao contrário do que fontes da PGDL haviam dito, sublinhando que os contactos acedidos eram meramente profissionais — números de telemóveis privados dos magistrados, os seus endereços de correio electrónico pessoal, as suas datas de nascimentos e a referência à situação de actividade, reforma ou licença.
Em alguns casos, para além dos números locais de serviços, muitos procuradores estão identificados com mais do que um número pessoal. O PÚBLICO confirmou vários, ligando. A informação de que a vulnerabilidade do sistema permitiu a fuga destes dados pessoais está a preocupar os procuradores que criticam a fragilidade revelada pelo sistema.
Alguns admitem que vão trocar de número e outros alertam para o perigo de virem a ser incomodados por pessoas com algum tipo de interesse. Nesse caso, para além do crime de fraude informática poderá estar em causa um crime de perturbação da vida privada que prevê uma pena de multa ou prisão até um ano.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) já comunicou ter aberto um inquérito-crime para apurar responsabilidades e autores e havido sido adiantado que a PJ estaria já a investigar. Porém, fonte da Judiciária garantiu ao PÚBLICO que ainda não recebeu qualquer pedido ou informação sobre este caso e que nem tão pouco foram realizadas diligências.
Os hackers conseguiram ainda aceder às palavras-chave de dezenas de magistrados para aceder ao Sistema de Informação do Ministério Público (SIMP). O SIMP serve para comunicação interna no MP e envio de ofícios hierárquicos. Não tem informação directa sobre os processos judiciais, mas fonte do MP admitiu que em alguns ofícios pode constar informação indirecta sobre os mesmos.
Esta segunda-feira, quer o site do SIMP quer o da PGDL continuam inactivos. A procuradoria preferiu desligar preventivamente os sites para fazer um rastreio da informação acedida e dos danos provocados. Deverá também reforçar o sistema ainda antes deste voltar a estar acessível durante esta semana.
Aliás, na página do SIMP, foi sexta-feira colocada uma mensagem alusiva ao 25 de Abril. "Isto é o descontentamento pela vossa inércia e cooperação com os marginais que têm levado Portugal a uma pobreza maior que há 40 anos", lia-se num fundo preto.
Conforme o PÚBLICO confirmou, quer a lista de contactos quer a lista de palavras-chave estão disponíveis em vários sites públicos. Questionada sobre o prejuízo provocado na segurança dos sistemas do MP, a Procuradoria-Geral da República preferiu não comentar.
Também a procuradora-geral distrital de Lisboa, Francisca Van Dunem, esteve incontactável, mas já antes havia admitido que os sistemas em causa "são débeis". Sublinhou ainda que a segurança do sistema que gere os processos dos MP está garantida. "O sistema do site e o sistema de processos estão separados. Não há qualquer elo entre eles. Foi apenas a página de Internet", apontou.
Pedro Sales Dias | Público | 28-04-2014
Comentários (15)
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Isso é nome de família?
...
É claro que estes camaradas são cidadãos impolutos, que pagam escrupulosamente os seus impostos e, já agora, os dl que fazem de ficheiros da net.
Anonymous é um qualquer e nisso somos todos iguais
Se nos quiserem dizer quem, do mundo judicial e/ou judiciário, quando e em que concreto acto ou omissão andou a colaborar com quem andou a destruir este País, muito bem. Se não, façam de conta que são crescidos. Vá lá, esforcem-se por parecer crescidos. Por parecer que conhecem a Constituição, por parecer que sabem que os Magistrados não podem criar normas como quem cria as péssimas ideias de que Vossas Mercês se lembram. Façam por parecer que sabem, por exemplo, isto: o Paulo Rangel é colega de escritório de advogados do António Vitorino. Sabem quem são estas comadres? São as cabeças de lista do PS e do PSD às próximas eleições, as europeias. "Adversários" políticos, mas colegas no mesmo escritório de advogados. Site da Ordem dos Advogados > pequisa advogados > pesquisa por Paulo Rangel e por António Vitorino. Ambos apresentam o mail. O que está a seguir à arroba indica a mesma sociedade de advogados, apesar da designação diferente, que acontece só porque o Paulo Rangel está no escritório do Porto e o António Vitorino no escritório de Lisboa. Como é que eu sei isto? Não é coçando a micose a escrever linhas de comando. Veio no Correio da Manhã da semana passada....... e merecia mais destaque, suas ovelhas negras. Podiam ter aproveitado o vosso tempo a dar o destaque que estas informações mereciam. Mas não, a vossa sede de entrar dentro de um site é tão saloia, tão pacóvia, tão infantilóide, que se maravilham com a INUTILIDADE de ter entrado dentro do site da pg distrital de lx. Tudo inútil e até perigoso para vós mesmos. Mas sobretudo INÚTIL.
Caros Anonymous Portugal: vocês a seguir vão quê? Violar moscas e gabar-se disso na net? Está bem, pronto: é a liberdade. Já vimos como a usam: para ficarmos a saber dados privados das pessoas que, investidas de poder judicial, combatem o crime, às vezes mal, mas se calhar é porque o poder político quer mesmo que o crime não seja bem combatido. Estão a acompanhar-me ou perderam-se na distinção entre poder político e judicial? Então vamos lá devagarinho, como diria o Bruno Nogueira: Po-lí-ti-co. Vem de polis, c*****edo. Ju-di-cial. Vem de jus, bananas. Perceberam quem têm de expor? E sempre nos limites da lei, pelo menos a das pessoas civilizadas, isso é que vos dava credibilidade e ficávamos todos muito orgulhosos, upa, upa. Ser Anonymous não é ser criminoso: é lutar pela igualdade, pela ética, pelo fim da corrupção. É confusão a mais para cabecinhas tão piquenas, não é, seus candidatos a reformados por invalidez aos trinta anos?
Deixo aqui uma suspeita para que todos possam ler, incluindo o MP: o Estado permite que se continue a correr o XP para que possam acontecer coisas destas e outras de pior natureza. Hoje ficamos por aqui, porque os mais sensíveis entravam em overflow com tanta informação. Mais uma vez: quem permite isto é o PODER POLÍTICO, com prejuízo para o judicial, entre outros. Vocês estão de que lado?
Outra vez
Parece que o programa foi feito na "casa", por isso não há nenhuma empresa privada para arcar com as culpas.
É Portugal no seu melhor, a culpa certamente é do material.
WTF?
Chamava-se LISTA TELEFÓNICA!
E agora isso é drama? !
...
Nas minhas procurações consta o meu NIB. Para os clientes aí depositarem dinheiro quando quiserem.
Às vezes ligam-me quando ando a guardar as vacas e as ovelhas no monte.
...
Mas mais grave é que o senhor considere normal ver dados pessoais de pessoas que lidam diariamente com pessoas, digamos, perigosas, expostas desta maneira. Não pensa que essas pessoas têm filhos, marido, pai e mãe que não têm culpa nem devem sofrer repercussões da profissão que os pais escolheram???
Não sou magistrada, no entanto, não deixo de atender aos constrangimentos que esta brincadeira de mau gosto, que deve ser perseguida e punida em local próprio, esteja a causar a estes profissionais.
Lista telefónica
É verdade o que diz. Mas também só constava da lista quem o pretendesse.
Mas, como é óbvio, não é isso que está em causa, ou seja, a divulgação de contactos por meio lícito e autorizado.
É, também no mais, a divulgação de senhas de acesso a aplicações informáticas.
Mas, que me lembre, esses dados não estavam nas listas telefónicas...
Pena minha
Listas e politicas.
Têm de facto razão nas suas observações, mas digam-me se nesses tempos haveria em qualquer Comarca quem não conhecesse o Sr. Dr. Juiz, a sua residência, a sua família assim como os respeitáveis advogados e médicos para não falar de outras quaisquer figuras de relevo social?
Perdoem-me o aparente provincianismo á moda das "Pupilas do Sr. Reitor " mas o que está em causa não são dados pessoais! TRATA-SE SIM DO PÂNICO E DO TERROR GERADO PELO PAI DO TERRORISMO GLOBAL - O USURPADOR BUSH E CAMARILHA ( RUMSFELD E WOLFOWITZ) COADJUVADO PELOS SEUS SERVOS SAUDITAS ENTRE OS QUAIS DE DESTACA O PATÉTICO BIN LADEN e outros condutores de mulas que tais!
...
Revolução e saudosismo?
É um casamento perigoso...
Acaba sempre em barbárie ou totalitarismo.
Caro Ulisses
Resta-me por isso apenas e tão só ...DESILUSÃO!
Caro Ulisses
Resta-me por isso apenas e tão só ...DESILUSÃO!
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Um dia comprei uma casa a um determinado cidadão pseudo-construtor no qual deixei os meus dados no contrato promessa de compra e venda. 20 anos depois ainda não foram entregues os documentos e as chaves do prédio ao administrador. Mas sempre que há uma reunião de condóminos eu alerto para a falha. Há dias sou confrontado com uma queixa crime da filha do construtor, onde a minha vida foi toda contada ao pormenor, desde o onde nasci, onde trabalhei, o que fazia, etc, para se queixar que eu ando a dizer mal da firma de construção civil ( como adm só quero as chaves e a documentação do condomínio) e de co-responsável da separação dos pais. Escrevo isto apenas para identificar os pequenos pormenores da Justiça Portuguesa e a permissão de se utilizarem dados que em principio deveriam ser confidenciais. Há... por esta coisa fiquei com TIR
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