No final da leitura do acórdão por homicídio qualificado referente a André Matos, o juiz Rui Alexandre fez questão de dirigir umas palavras ao público presente na sala de audiências do Tribunal da Lourinhã, responsabilizando-se pelo que ia dizer. "Queria agradecer aos advogados e às pessoas daqui porque este terá sido um dos últimos julgamentos no Tribunal da Lourinhã. Com o novo mapa judiciário haverá, a partir de setembro, um afastamento da comunidade" sublinhou o magistrado.
Lamentando que os julgamentos de crimes cometidos na zona passem para a comarca de Loures, o juiz Rui Alexandre foi acutilante: "Nós não temos medo de ser fiscalizados. Eu prefiro ter a sala cheia do que fazer um julgamento em Loures para uma sala vazia."
O novo mapa judiciário, uma das bandeiras da ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, não promove, na opinião do juiz, a proximidade entre a justiça e os cidadãos. "É muito importante que a justiça se efetive junto dos cidadãos. E é importante para o próprio tribunal. A presença das pessoas nunca nos intimidou", frisou.
Uma realidade que "em breve vai desaparecer", lamentou. "Só a mim me responsabilizo por estas palavras", concluiu o magistrado Rui Alexandre.
Como o DN já noticiou, também os advogados estão contra o novo mapa judiciário. A Ordem dos Advogados (OA) aprovou a apresentação de uma queixa-crime contra todos os membros do Governo pelo atentado ao Estado de Direito que representa, no entender da OA, o encerramento de duas dezenas de tribunais e a redução de funções de outros 27.
A deliberação foi tomada a 30 de maio pela maioria de 700 advogados reunidos em assembleia geral.
Diário de Notícias | 05-06-2014
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