Jurista, casada com inspetor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, fez fortuna com esquema fraudulento de legalização de imigrantes junto do SEF
X....., uma advogada de Setúbal casada com um inspetor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), foi condenada a cinco anos de cadeia, com pena suspensa, por ter sido dado como provado que durante três anos, entre 2009 e 2012, liderou um negócio de legalização fraudulenta de imigrantes - que lhe rendeu uma fortuna - precisamente junto dos serviços do SEF. Segundo o coletivo de juizes, que leu o acórdão na última terça-feira, essa atividade gerou-lhe um lucro líquido superior a 180 mil euros. Mas, apesar da condenação por auxílio à imigração ilegal, nunca deixou de exercer advocacia naquela área. X..... está entre os 15 arguidos do processo. A investigação, que levou às detenções de 21 de julho de 2012, foi conduzida pela Direção Central de Investigação do SEF.
Ao que o CM apurou, o escritório de X..... era considerado apenas a ponta do iceberg de uma rede que começava no escritório de um falso contabilista. A este suspeito, que viria também a ser constituído arguido, competia a tarefa de realizar os falsos contratos de trabalho aos imigrantes. De acordo com a investigação, o falso contabilista terá, à semelhança de X....., amealhado uma considerável quantia (mais de 300 mil euros) com o esquema.
Era já na posse dos contratos de trabalho que os imigrantes se dirigiam à advogada, para concretizar as legalizações. Em tribunal, ficou provada a legalização fraudulenta de pelo menos 20 imigrantes. X..... esteve apenas um período suspensa de funções, após o primeiro interrogatório. Um recurso para o Tribunal da Relação de Évora anulou rapidamente essa interdição. Mesmo com a suspensão da pena a que está condenada, X..... vai agora recorrer da sentença para a Relação.
PORMENORES PENAS SUSPENSAS
Os 15 arguidos que foram julgados neste processo acabaram condenados a penas de prisão suspensas na execução.
SERVIÇO MARÍTIMO
O marido de X....., inspetor do SEF, foi colocado no serviço marítimo após a detenção da mulher.
JURISTA DETIDO
A última operação do SEF, em Lisboa, também levou à detenção de um advogado. Pertencia a rede que explorava sexualmente jovens nigerianas.
Miguel Curado | Correio da Manhã | 21-07-2014
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