O coordenador do BE João Semedo manifestou ontem apoio ao protesto convocado pela Ordem dos Advogados (OA) contra o mapa judiciário, reiterando que este é "incompatível" com uma justiça melhor, arriscando-se a lançar "o caos" no início do ano judicial. A posição de João Semedo foi expressa à saída de uma reunião com a bastonária da OA, Elina Fraga, na sede do BE, em Lisboa, que se realizou a pedido da ordem.
"Se já temos uma justiça lenta, distante, tantas vezes injusta, parecenos que vamos ficar com uma justiça ainda mais distante, ainda mais lenta, provavelmente mais cara e mais injusta para os cidadãos", afirmou João Semedo. Semedo garantiu que estará presente no protesto que ocorre na próxima terça-feira em frente à Assembleia da República. A reorganização preconiza a criação de 23 comarcas, o fecho de 20 tribunais e a transformação de outros tribunais em 27 secções de proximidade.
A bastonária explicou que pediu reuniões aos partidos com assento parlamentar que se opuseram à reorganização, acrescentando que já efectuou "contactos com o PS" e que terá "uma reunião com o PCP". Também os funcionários judiciais apoiam e ajudarão a engrossar o protesto. "Estaremos presentes com uma representação de 10 ou 15 pessoas. Esta é uma reforma muito preocupante que pode ter efeitos imprevistos. É preocupante o défice de 900 funcionários. Os actuais sete mil terão de trabalhar por quase oito mil?", questionou Fernando Jorge, presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais. "O que gostaríamos era que a reorganização fosse suspensa, para ser repensada", acrescentou.
O dirigente acredita que, se o novo mapa judiciário passar mesmo a vigorar a partir de 1 de Setembro, como está previsto, a "Justiça irá parar durante três ou quatro meses", com "julgamentos adiados". O Sindicato dos Oficiais de Justiça estará igualmente presente, mas o seu presidente, Carlos Almeida, não adiantou com quantos elementos. "Estamos ao lado da OA nesta questão. Esta não será uma acção sindical, mas uma acção de cidadania. É uma questão que diz respeito a todos. Será um alerta. Seria bom que a reforma fosse repensada", defendeu.
Já entre os magistrados, o apoio ao protesto não é o mesmo. Os procuradores foram convidados, mas não irão. "Concordamos com algumas críticas, mas também admitimos que não é possível ter tribunais em todos os locais", disse o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, Rui Cardoso. Os juízes, por outro lado, dizem nem sequer terem sido convidados pelos advogados. "Não fomos convidados. Não vamos estar", garantiu o presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP), Mouraz Lopes.
Pedro Sales Dias/Lusa | Público | 10-07-2014
Comentários (9)
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Velhos à beira mar praguejando
A verdade verdadinha é esta: a esmagadora maioria dos gritadores nunca leu as leis de reorganização judiciária e tem uma ideia mais que vaga do que está para suceder.
Os únicos com razões para protestos são os funcionários de justiça. Mas não por causa da Reforma... antes por causa do desrespeito que o MJ mostra para com aquela profissão. Mas isso são outros quinhentos... Não é por aqui que lá irão!
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O enterro do bloco
manifestaçao 15 julho 2014 junto a r
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O faz de conta do costume
A verdade é que a OA, em especial os Conselhos Distritais, estão perfeitamente dominados pelas grandes sociedades de advogados, que se estão perfeitamente a borrifar para o novo mapa judiciário, para as pequenas comarcas e ainda menos para a advocacia exercida em prática individual.
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