Também preciso de almoçar por €4,27 ....

e os juízes não podem ir lá comer?

Eles comem tudo e não deixam nada

Segundo recordo de artigos de imprensa, as ementas do tal denominado refeitório são bastante elaboradas, incluindo propostas de faisão. Ora, faisão a 4,27 € parece-me bastante convidativo...

É que, em tempos de austeridade, como se diz, ou comem todos ou há moralidade.

E, como todos não podem comer boas iguarias a 4,27 €, terá que existir moralidade e, naturalmente, acabar com as mordomias dos ilustres deputados da nação, na parte em que excede os termos duma refeição digna e equilibrada.

Nunca será demais recordar que, para além do salário e do subsídio de refeição, o Zé Contribuinte ainda paga um conjunto alargado de benefícios aos senhores deputados, tais como viagens, alojamentos, telefones, despesas de representação, bem como o défice de exploração de referido refeitório, que será certamente bastante significativo.

É um fartar vilanagem!

Carta enviada à Entidade Reguladora da Concorrência:

Exmos. Srs.

Obriga-me o mais elementar dever de cidadania - para não invocar o amor à Pátria e à coisa pública, sentimentos modernamento só tidos por uns poucos logo apodados de "botas-de-elástico" pelo rebanho de inconsequentes que usa o País como quem usa um rolo desse papel em que estais a pensar - comunicar que, no Parlamento, na Casa da Democracia, no Eliseu luso, no Olimpo da soberania, onde deputados que são advogados e onde advogados que são gestores de empresas que fazem negócio com a Administração tutelada por um Governo que é apoiado por partidos cujos membros são os referidos daputados-advogados-gestores, nesse Parlamento, dizia eu, os preços do refeitório estão cartelizados!
Cartelizados, Excelências. Vai-se ao Gambrinus, ao Tavares, ao Pabe, e a outras casas da mesma insuperável qualidade do bem servir e bem comer, e por pouco mais se come... o quê, perguntais Vós? Ora, nada mais que pouco mais do mesmo, se não mesmo a mesma coisa!
Solicito Vossas Excelências investiguem este cartel de empresários sem-vergonha que espoliam os supra referidos gestores que também, por Deus ou a Natureza os ter abençoado com inigualáveis inteligência e capacidade de trabalho, são, para progresso na Nação, orgulho dos Portugueses, e inveja do Mundo Civilizado e por civilizar, simultanemente deputados à Câmara, advogados das mais finas e chiques sociedades de advogados cujos chão e paredes dos seus edifícios a melhor pedra mármore e as melhores madeiras revestem, e ainda gestores das mais prósperas empresas deste Império que ainda e sempre será PORTUGAL.

Com os melhores cumprimentos,

Um Vosso criado,

(Assinatura, como manda a meretriz da sapatilha. Sim, a expressão não é bem esta, mas sejamos contidos, por respeito à dignidade das libações dos Srs. Deputados.)

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Agora a sério (obviamente não mandei carta nenhuma à ERC):

Marejam-se-me os olhos de lágrimas com tanta austeridade. Uma lata de grão, outra de atum, e duas peças de fruta dão-me para duas refeições. E os nossos bravos, pá, têm que pagar pá, quase um nota de 5, pá, para uma refeição. E a luta, pá?

E eu que já estava habituado ás mixórdias e papas da cozinha parlamentar!
A ser assim, acabou-se-me a lagosta, o marisco menor, as trufas, o cabrito, a picanha e outros alimentos fundamentais á saúde humana!

PS: Caro Gabriel Órfão Gonçalves:
Permita-me corrigi-lo; deveria ter dito (assinatura, como manda a meretriz da sapateira)

Cuidem-se, que já o país já está farto de farras!

É por estas e por outras, que os índices de abstenção chegaram aos valores a que chegaram.