Um estudo europeu que será hoje apresentado concluiu que os portugueses estão cada vez manos satisfeitos com a democracia, lembrando que este resultado "é compreensível" tendo em conta a degradação das condições económicas e sociais.
A 6.ª edição do European Social Survey "Significados e avaliações da democracia", que recolheu dados em 23 países, incluindo Portugal, analisou as opiniões dos cidadãos e dos políticos acerca do tema e teve a participação do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
"Os dados sugerem que a valorização da justiça social como elemento indissociável do conceito de democracia parece ser especialmente intensa nos países com maiores desigualdades de rendimentos, dos quais Portugal claramente faz parte", refere o documento a que a Lusa teve acesso.
Assim, "o declínio da satisfação com o funcionamento da democracia a que se assiste em Portugal torna-se compreensível, especialmente tendo em conta como a degradação das condições sociais e económicas nos últimos anos", segundo os especialistas.
Para os portugueses "os maiores défices democráticos" estão no funcionamento dos tribunais, na capacidade dos governos assegurarem justiça social e "num sentimento de falta de controlo popular do poder político", ou seja, governos que não explicam as suas decisões aos eleitores e insuficientes mecanismos de democracia direta.
Aliás, é no funcionamento dos tribunais, nos direitos das minorias e no combate à pobreza que a avaliação dos portugueses "mais se afasta daquela que é feita, em média, no resto dos países europeus".
Os portugueses têm uma conceção de democracia que não se esgota nas "eleições livres e justas" e relevam aspetos como a igualdade perante a lei e um funcionamento do sistema político que permita "castigar maus governos" e os obrigue a informarem os cidadãos.
Jornal de Notícias | 18-03-2014
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