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REVISTA DE 2013

Justiça gastou mais em cartas e rendas

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O Ministério da Justiça gastou mais em correspondência expedida pelos tribunais de Ia instância e em rendas de edifícios do que em apoio judiciário em 2012.

Esta é uma das conclusões que se pode retirar do relatório de actividades de 2012 do Instituto de Gestão Financeira e de Infra-estruturas da Justiça (IGFIJ), o organismo que gere os dinheirós do ministério liderado por Paula Teixeira da Cruz. O documento, que acaba de ser divulgado já com alguns meses de atraso, revela que o ministério pagou 45,9 milhões de euros em apoio judiciário, o que representa um decréscimo de 34,2 milhões (42,7%) em relação ao verificado em 2011.

Já os gastos com os CTT e a locação de edifícios (rendas) totalizaram os 46,3 milhões. Mas enquanto no primeiro caso os encargos registaram um acréscimo de 3,3 milhões (11,8%) para 31,7 milhões, no segundo verificou-se um decréscimo de cerca de um milhão de euros (6,4%) face aos 15,6 milhões pagos um ano antes.

Uma redução motivada pela renegociação do aluguer do Campus de Justiça de Lisboa, mas que ainda assim está ligeiramente abaixo dos 1,3 milhões anuais anunciados pela ministra há cerca de um ano e a que o próprio IGFIJ faz referência mais à frente no relatório.

Os encargos com as instalações também diminuíram de forma considerável.

Em 2012 representaram cinco milhões de euros, menos 1,4 milhões (22,2%). As despesas de condomínios baixaram em 542 mil euros e os gastos em electricidade quase 680 mil euros. Neste âmbito, o relatório revela que "foram instalados sensores de movimento em todas as instalações sanitárias dos funcionários do Campus de Justiça, para reduzir o consumo de iluminação".

Em relação aos correios, o relatório faz referência a um esforço no sentido de renegociação do contrato com os CTT (em 2011), mas ainda assim "transitou para 2012 o montante de nove milhões de euros de pagamentos em atraso".

No que toca ao apoio judiciário e outras prestações de serviços, o relatório de gestão revela que foram pagos 41,4 milhões aos advogados patrocinados pelo Estado para representar as pessoas sem recursos financeiros, o que representa menos 12,8 milhões (23,7%) do que em 2011. No entanto, as dívidas do ministério aos advogados registaram um novo agravamento - quase seis milhões, mais 30,8% - para os 24,9 milhões de euros.


MENOS 13,4 MILHÕES EM PERITAGENS

Os dados do IGFIJ indicam ainda que as despesas pagas em peritagens médicas no Instituto Nacional de Medicina Legal registaram um forte decréscimo (93,2%).

Dos 14,3 milhões pagos em 2011, o instituto pagou apenas 966 mil euros em 2012.

Outra das rubricas que sofreu um corte expressivo foi a dos "peritos e intérpretes". Em 2012 foram gastos 4,8 milhões de euros, o que representa uma diminuição de 673% relativamente aos 13 milhões do ano anterior. O instituto justifica os "decréscimos significativos" com o facto de os "pagamentos estarem a ser efectuados de forma crescente através do processamento no âmbito das custas processuais, com a consequente redução das receitas apuradas a favor do IGFIJ".

Contactado pelo i. Marinho e Pinto confirma que a Ordem dos Advogados tem recebido "menos queixas de advogados sobre atrasos" no pagamento das oficiosas. "Ainda existem dívidas, mas o maior problema foi resolvido em 2011", diz o bastonário. Confrontado com os números que mostram que a Justiça gasta mais em correspondência e rendas do que em apoio judiciário, Marinho e Pinto lembra que Portugal "é o país da Europa Ocidental que menos gasta" nesse apoio (em média, 330 euros) e lança farpas: "Há muitos negócios em torno da Justiça, muitos arrendamentos para os amigos. Não há é um investimento na defesa dos cidadãos." O í questionou o Ministério da Justiça mas não conseguiu obter uma resposta em tempo útil.

João d'Espiney e Sílvia Caneco | ionline | 06-09-2013

Comentários (4)


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O Estado não regularizou metade das dívidas com o patrocínio ofícioso, simplestemente não paga...só isso...
Não aceita os pedidos e não paga...
O Estado gasta bem mais em ajustes directos com sociedades de advogados, só não vê isto quem não quer, pois está tudo na base.gov...
Defensor Oficioso , 06 Setembro 2013
...
Corte de 42,7% no apoio judiciário??? isso é de bradar aos céus. Fortes com os fracos...
Em contrapartida, há dinheiro para publicidade - como o anúncio que ainda agora vi na RTP ao novo código do processo civil...
Franclim Sénior , 06 Setembro 2013
...
Seja para o que for faz-se uma notificação.
Por outro lado, há os correspondentes funcionários das secretarias judiciais que passam boa parte do tempo a efectuar e a controlar tais notificações.
É ridiculo e caro.
Ai Ai , 07 Setembro 2013
...
Se não fosse o regabofe processual que por cá impera, certamente a "coisa" seria menos onerosa para os contribuintes. Fosse o apoio judiciário concedido apenas a quem precisa (por ex, a investigação da Se Social existir realmente e ser mais profunda do que ir ver a duas ou três bases de dados), moralizasse-se muito mais a lide de modo a pôr fim aos requerimentos "manhosos" e/ou asnáticos e acabasse-se com as "abébias" às partes (em que 99% das AZELHICES das partes terão de ser alvo de despachos de aperfeiçoamento), certamente gastava-se muito menos dinheiro.

Ah, e utilizassem-se edifícios do Estado - eventualmente alvo de obras de requalificação (e há por aí muitos presos e "piquenos" do RSI à boa vida, bem como cerca de 1.000.000 de desempregados - devolutos ou subaproveitados e, se necessário, construissem-se mais edifícios para albergarem Tribunais (e, reitero, há muitos presos e "piquenos" do RSI à boa vida e 1.000.000 de pessoas que querem/precisam de trabalhar) e veriam como o valor das rendas baixaria até zero. Claro que isso iria desagradar a muitos amiguinhos dos governantes, mas temos pena...
Zeka Bumba , 08 Setembro 2013

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