Em entrevista ao jornal espanhol El País, o investidor norte-americano George Soros é bastante crítico das politicas alemãs no seio da União Europeia. Segundo Soros, "a Alemanha deve decidir se quer refazer a UE da forma que estava originalmente destinada a ser, o que pressupõe aceitar as responsabilidades e cargas necessárias para avançar nessa direção, ou deve considerar sair do euro e deixar ao resto dos países que creem nos eurobonds, possam combater a crise".
Para o investidor, uma saída da Alemanha da zona euro não seria dramática e até podia revelar-se proveitosa para os países devedores. Isto porque "os países devedores ainda teriam o euro e o Banco Central Europeu", diz. "Os devedores ainda teriam que seguir uma política comum para manter o euro como uma moeda em funcionamento, mas não teriam que pagar um preço terrível", refere Soros. Esta saída, julga o investidor internacional seria " pouco menos que milagroso" para os países devedores, já que se tornariam em " economias competitivas" e "o peso da dívida diminuiria com a desvalorização do euro". "Toda a comida lhes chegaria de Espanha e Itália, e a maioria seria mais barata do que a que é feita na Alemanha. Teria talvez alguns problemas com o desemprego. E a Espanha recuperaria", explica.
Assim, Soros considera que a política que está a ser seguida deve ser invertida, dado que "o mundo inteiro sabe que você não pode reduzir o peso da dívida, diminuindo o orçamento sob as condições atuais", dado que o PIB regride a carga da dívida aumenta. "Isto admite-se em todo o lado menos na zona euro", lamenta.
Esta crise, acredita George Soros, mudou a própria face da União Europeia, que mudou "de uma associação voluntária de Estados iguais para uma relação de credor e devedor". "Em situações de crise, os credores ditam os términos da relação, que levam os devedores a uma pior situação", o que "condena a UE a um futuro sombrio".
A solução passaria por "converter a velha dívida existente em eurobonds", sendo que assim os custos de financiamento dos Estados diminuiriam e os orçamentos poderiam equilibrar-se e apresentar mesmo superávits.
Ainda no que toca à União Bancária, lamenta que o acordo atual deixe de fora alguns pequenos bancos alemães, beneficiando este país em relação aos países devedores. "Os landesbanken são parecidos com as cajas espanholas, fonte de muita corrupção e má gestão", lembra.
Contudo, perguntado sobre se investiria em Espanha, Soros respondeu negativamente por não ser um "investido ativo", ressalvando contundo que "se se mudarem as políticas a Espanha pode-se tornar num local muito atraente para os investidores".
Dinheiro Vivo | 15-04-2013
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