O Governo quer uma poupança salarial de 378 milhões de euros. Ordenados na Administração Pública terão corte médio de 4%. Estando Banco Banif intervencionado, foi atribuído a uma gestora um prémio de gestão de 533,7 mil euros.
O Governo vai cortar 4% nos salários da Função Pública, segundo as contas do Expresso. A medida faz parte do ajustamento da política de remunerações no Estado, sendo que o Executivo liderado por Passos Coelho fixou um montante de 378 milhões de euros de redução da despesa pública já a partir de 2014.
Este montade exige assim que os ordenados dos trabalhadores da Administração Pública sejam reduzidos em 4% ou até um pouco mais, se se incluirem outros gastos, como despesas de representação ou prémios.
Esta meta já foi transmitida a Bruxelas e integra o pacote de cortes negociados com a troika para fechar o sétimo exame ao programa de ajustamento.
João Silvestre e Rosa Pedroso Lima
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O Banif está de saída do mercado brasileiro, onde tem uma operação muito pequena. Isto não impediu a atribuição de um prémio de gestão de 533,7 mil euros à administradora do Banif Banco de Investimento Brasil, a que se junta um salário de € 448,6 mil.
Conceição Leal recebeu o triplo do que ganhou o presidente do banco Jorge Tomé, e foi o gestor bancário mais bem pago em Portugal. Em 2012, o Estado passou a deter 99,2% do banco.
Sobre o assunto o Banif justifica o montante com "compromissos relativos ao exercício de 2011". Contactada pelo Expresso, ex-administradora do Banif no Brasil não quis prestar quaisquer esclarecimentos.
Anabela Campos e Isabel Vicente
Expresso | 18-05-2013
Comentários (11)
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José Pedro Faria (Jurista) - Momento (infelizmente) histórico
Mas... isto será assim? Cortar salários corresponderá mesmo a uma poupança?
Em primeiro lugar, uma percentagem razoável do salário bruto do trabalhador público fica imediatamente retido pela entidade empregadora pública. No meu caso, mais de 1/3 do vencimento não chega sequer às minhas mãos.
Em segundo lugar, grande parte do que o Estado paga ao trabalhador público, regressa rapidamente àquele em resultado da aplicação de impostos. Há uma boa coleção deles: IVA, IUC, ISV, Imposto do Selo, IMI, IMT, Impostos Especiais sobre o Consumo, etc..
Como o trabalhador público cada vez ganha menos, mantendo-se, ou subindo, as despesas a que não pode fugir, o valor aforrado é quase zero para uma percentagem elevada de trabalhadores. A maior parte do salário é gasto em consumo, atualmente constituído maioritariamente por bens essenciais, alimentação, vestuário, despesas de educação dos filhos, rendas em sentido lato, etc., para além de despesas com a saúde.
Quanto menor for a percentagem do salário que o trabalhador público gastar em consumo (e ela tem baixado continuamente), menores serão as receitas das empresas, o que origina inevitavelmente mais insolvências, mais desemprego, mais recessão e, paradoxalmente, muito menores receitas fiscais, para além de despesas acrescidas em subsídios diversos.
Cortar salários dos trabalhadores da Administração Pública é, como parece evidente, mais uma medida estúpida que irá ter o efeito exatamente oposto ao pretendido. O Governo poupará o quê, afinal? A gestão ruinosa deste Governo incompetente ultrapassa todos os limites da razoabilidade.
No entanto, para a D. Conceição Leal, magnífica gestora do BANIF, ora na esfera do Estado, como para tantas outras "inteligências" deste país (nem se percebe como o país está tão mal com tantas sumidades), a crise passa-lhe ao lado: o seu prémio de gestão de 533,7 mil euros (!) justifica-se, pois já haviam sido constituídos direitos adquiridos ao mesmo, pois se trata de "compromissos relativos ao exercício de 2011". Afinal de contas, vivemos num Estado de direito democrático. Não chega é a todos.
Vivemos um momento histórico. Que experiência extraordinária ser contemporâneo de um dos Governos mais incompetentes da História da Nação!
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O Banif tem como accionista maioritário (99,2%) o Estado.
O mesmo Estado que faz as razias fiscais conhecidas porque... "não há dinheiro" !
Este prémio milionário pago pelo Estado tem de notável apenas o facto de ter sido conhecido publicamente, postulando uma interrogação: quantos outros prémios e similares pagos pelo mesmo Estado passam despercebidos ?
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Eu cá acho isso CRIMINOSO!!!
Por um lado aumentam o IVA na conta da electricidade a quem nem dinheiro tem para pagar os medicamentos e morre de frio/complicações respiratórias no inverno, e por outro lado permitem prémios de mais de meio milhão de euros a uma gestora de um banco FALIDO!!!
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Sou de um tempo em que os funcionários públicos usavam umas fardas cinzentas, de pano grosso, enquanto outros vestiam roupas simples, ilustrativas do pouco que ganhavam.
Como resultado, muitos dos que podiam, iam buscar um complemento através de manobras sem ética. Quem se lembra como eram emitidos os passaportes? Pois, havia quem tivesse o enorme poder de decidir quem podia ou não ter passaporte, não era? E para o ter havia quem gastasse o que tinha e o que não tinha. Essa era apenas uma das muitas formas de ganhar um complemento, pois cada exigência podia ser o caminho para o complemento. Estaremos a voltar a esses tempos? Quem quer isso?
Pelos vistos alguém está mesmo muito interessado, não creio é que sejam os que hoje protestam porque os funcionários públicos são uns privilegiados.
Respeitosamente
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Olhem que os verdadeiros cortes ainda não chegaram, nem outras coisas desagradáveis...



Virão quando não houver troika e estivermos por nossa conta.Mas como somos todos humanistas -internacionalistas queremos continuar a salvar o planeta certo?
Cortes?
Pensa que isto é a Africa? Ameaças insinuadas?
Que se põe para aí a "cortar" nos escravos que costuma a chicotear? Tenha juízo!
De facto existem os que querem salvar o planeta, os humanistas e os defensores dos direitos humanos. mas há também o lixo! Os racistas, os neonazis, e a vermina esclavagista. No entanto até para com, esse lixo humano os tais humanistas internacionalistas são tolerantes!
Doutra forma, aposto que nenhum dos seus tristes comentários seria aqui publicado. Percebeu?
PS. Anda a falhar a medicação!
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