Movimento MayDay Lisboa reivindicou envio de mensagens falsas usando o endereço de entidades governamentais. Processo é simples e nem sempre é punido por lei.
O Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa abriu um inquérito ao caso dos dois falsos comunicados enviados nos últimos dias em nome de entidades governamentais, avançou ao PÚBLICO a directoria do DIAP, Maria José Morgado. A organização MayDay Lisboa já reivindicou a autoria das mensagens de correio electrónico.
"Queríamos fazer uma brincadeira, mas um bocadinho mais séria porque o assunto assim o exige. Só fazia sentido no contexto do dia das mentiras", no passado dia 1 de Abril, explicou ao PÚBLICO Sara Simões, porta-voz do MayDay Lisboa, um grupo que contesta o desemprego e a precariedade laboral.
Um dos e-mails, remetido através de um endereço idêntico ao da Secretaria de Estado da Cultura, anunciava que o Estado português tinha decidido "reavaliar as verbas a serem aplicadas na área da cultura e da sua produção", aumentando-as substancialmente.
O outro, supostamente emitido pela Administração Regional de Saúde do Norte, dava conta da contratação de quase 600 enfermeiros para os cuidados primários dessa região do país, a começar dia 1 de Maio.
O ministro da Saúde, Paulo Macedo, foi inclusivamente congratulado nesta quarta-feira pela deputada do PSD, Laura Esperança, durante uma audição na Comissão Parlamentar de Saúde, por ter tomado esta medida que, contudo, era falsa.
"A partida não levou muito tempo a fazer, mas tivemos que preparar os textos de maneira a que parecessem credíveis", acrescenta a porta-voz do movimento MayDay.
Enviar mensagens de e-mail a partir de um qualquer endereço já existente é um procedimento simples: basta fazer uma pesquisa no Google e escolher um dos sites que permitem fazê-lo de forma gratuita, num processo que se designa por fake mail (e-mail falso).
"Não foi um ataque informático mas uma utilização indevida de endereços de entidades governamentais para enviar correio electrónico. Nem sempre é uma actividade ilegal; o que pode ser ilegal é o uso que se faz com isso", explica o director do Centro de Gestão da Rede Informática do Governo (CEGER), Manuel Honorato.
O envio de mensagens de correio electrónico em nome de entidades governamentais foi reportado à Polícia Judiciária e, de acordo com os procedimentos normais nestas situações, está já em curso um inquérito no Ministério Público para averiguar o caso.
Rita da Nova | Publico | 04-03-2013
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