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REVISTA DE 2013

Juízes "estão no limite da indignação"

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Os juízes "estão no limite da indignação" com a sua situação e a dos tribunais, exigindo serem reconhecidos como "órgão de soberania", realçou, este sábado, o presidente da respetiva Associação Sindical, Mouraz Lopes.

O dirigente falava no final de uma reunião do Conselho Geral da Associação Sindical dos Juízes (ASJ), no Porto, que visou preparara a Assembleia geral marcada para dia 9, em Coimbra, mais "o mais importante foi a unanimidade" face à situação que se vive no setor.

"Hoje ouvimos os colegas de todo o país demonstrar a necessidade de dizer um basta", salientou Mouraz Lopes.

"Os juízes estão no limite da indignação. O que pedem é que seja reconhecido pela Assembleia da República e o Governo que nós somos um órgão de soberania com pessoas que trabalham em exclusividade de funções, que vivem apenas e só do seu rendimento salarial e que têm que ter um estatuto protegido", realçou.

Mouraz Lopes referiu que "protegido não é serem diferentes ou excecionais em relação aos outros cidadãos, é terem um estatuto jurídico e remuneratório que lhes permita, com total dignidade, desempenharam as funções de soberania".

Os juízes dizem-se "indignados" com o Orçamento Geral do Estado para 2014, que consideram "claramente inconstitucional em relação aos cortes que são feitos e sobretudo em relação à lei orgânica dos tribunais e ao enorme corte do quadro dos juízes" proposto.

O presidente da ASJ disse, ainda que as queixas recentes da Procuradoria-Geral da República "são mais um sintoma do grande mal-estar" face à situação atual da justiça.

Para Mouraz Lopes, "há um mal-estar institucional que tem de ser levado em consideração".

"É tempo de dizer basta é e tempo de olhar para a justiça com os olhos que a justiça merece. A justiça não pode ser tratada a não ser como função de soberania", insistiu.

Mouraz Lopes crê que a assembleia geral da ASJP do próximo dia 9 "irá certamente aprovar medidas que demonstrem esta insatisfação dos juízes, este momento de grande indignação", tendo, porém, acrescentado que "não vale a pena estar a antecipar cenários" quanto a isso.

Instado, por outro lado, a pronunciar-se sobre as críticas que têm sido feitas ao Tribunal Constitucional (TC), Mouraz Lopes considerou que "não se está a respeitar" aquele tribunal

"É isso tudo que tem criado este grande mal-estar e que nunca aconteceu nos últimos anos na justiça, em Portugal", sustentou.

O dirigente considerou que "é inadmissível a pressão que está a ser feita quer nacional quer internacionalmente sobre o TC".

"Isto nunca foi feito em lado nenhum da Europa. Nenhum país democrático faz pressões sobre os TC como foram feitas em Portugal nos últimos tempos, nenhum país que respeite a separação de poderes faz críticas violentíssimas à atuação do TC, atribuindo a causa, quase, da crise ao TC", afirmou. "Isto não é feito em lado nenhum", reforçou ainda.

Jornal de Notícias | 02-11-2013

Comentários (8)


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No limite da indignação
Basta! Querem eles dizer. Como já disse o CSM e o presidente do STJ. Veremos o que se segue!
Francisco do Torrão , 03 Novembro 2013
...
Dio mio, onde eles ainda andam... Reconhecidos como membros de órgão de soberania. Muito bem, quanto vale isso, nos dias que correm num páis fantasma e sem soberania! Sim, não tem presidente, Deputados, ministros. Nem dinheiro para lhe spagar. Aos baqueiros, EDP´s, PPP´s, etc. já é difernte, pois aí reside a soberania.
Não mudem de discurso e de astitutude e em breve falarão só entre si, o secretário-geral com o do conselho fiscal e por aí adiante., não
Sun Tzu , 03 Novembro 2013
...
mas, espera aí, eu vejo aí muitos cursos abertos sendo docentes magistrados judiciais e do MP. então isso não dá para compor o ordenado, ou isso faz-se de borla??????
a culpa é nossa , 04 Novembro 2013
...
Há muito que eu me sinto no limite da indignação contra o Zé das beiras, o ricalhaço, também conhecido por "Pinóquio" e mais tarde por "filósofo de Paris".
A minha memória não é curta contra quem arruinou o meu país e o levou à bancarrota.
Sou juiz há 33 anos e não voltarei a fazer greve, apesar de entender que a greve é um direito dos trabalhadores.
Mendes de Bragança , 04 Novembro 2013
...
Agora é que vocês vão chegar ao máximo da indignação.....há algum tempo o vosso interesse era contra os advogados oficiosos...bla bla...
Eu neste caso, estou do vosso lado...Pois há dinheiro para as PPP, energias, Parlamento sem ética...Ajustes directos com força, nomeadamente Sérvulos e Associados...deixem de legislar sobre determinadas matérias, grupos...tipo sociedades de advogados em lx....face oculta...
Carlitos , 04 Novembro 2013
@ a culpa é nossa
A docência por parte de magistrados não é remunerada, é mesmo de borla: não podem receber qualquer outra remuneração para além do ordenado de magistrado.
Viriato , 05 Novembro 2013
...
A posição objectiva e subjectivamente mais cómoda: (i) verbalização constante da máxima das indignações, (ii) não fazer greve e até criticar asperamente quem o faça e (iii) nunca enjeitar os benefícios de expressão patrimonial que, consabidamente, só através do seu decretamento se alcancem ou venham a alcançar.
monteiro , 05 Novembro 2013
...
É preciso expressar a indignação, fazendo greve, denunciando publicamente as afrontas (de índole económico e não só) de que somos alvo e aqueles que era suposto defenderem as magistraturas, a sua dignidade e a sua independência face ao poder político e não o fazem, assumindo outras posturas significativas (v.g. entregar simbolicamente as becas ao PR e ao PM, entregando-lhes bocados de pano preto, preferencialmente de má qualidade), etc.

Mas depois é preciso não continuar com a preocupação habitual com os processozinhos. É preciso antes de mais, fazer GREVE DE ZELO (trabalhar das 9 às 17 e apenas durante os dias úteis, marcar diligências "suavemente", despachar os processos tendencialmente nos prazos legais usando todo o prazo em vez das "datas supras", etc) e não ter medo de o mostrar.
Zeka Bumba , 06 Novembro 2013

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