"É verdade que é possível enganar todos durante algum tempo; é até possível enganar alguns durante todo o tempo; mas não é possível enganar todos durante todo o tempo." A frase, de Lincoln, vem à memória a propósito das palavras que a ministra das Finanças proferiu, com o ar mais sério do mundo, numa entrevista, quando interrogada sobre os cortes anunciados para 2014: "Reporemos os salários e as pensões tão cedo quanto possível."
O Governo não define uma data para o fim dos cortes, ao contrário do que faz, por exemplo, no caso das taxas para o setor energético, com aplicação prevista até outubro de 2014 (como diz um velho e espirituoso amigo, para uns é dura lex, para outros é mole lex...).
A intenção é, de facto, tornar definitivos os cortes, apresentados como temporários apenas para evitar um novo chumbo do Tribunal Constitucional (TC).
A aplicação ilimitada e retroativa de cortes sobre os mesmos alvos seria, por si só, motivo para o Presidente da República pedir a fiscalização preventiva do TC. Mas Cavaco Silva já deu a entender que não o fará, preferindo adiar a decisão. E ignorar momentaneamente a Constituição que jurou cumprir e fazer cumprir...
José Rodrigues | Editor Política CM | 22-10-2013
Comentários (2)
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Não.Porque há trinte anos que ando a dizer que o povo soberano e temporário anda a ser enganado. Eu sei que já paguei a minha parte por ter escrito algo parecido, por não pactuar com incompetentes e mentirosos e não com f..d...p como alguém se relacionou à dias pela sua incompetência enquanto governante. Agora estamos a ganir, por nos deixarem esfomeados ao fim dos 30 anos de misericórdia.