Ao anúncio de que a troika está de regresso para discutir novos cortes, o ministro Gaspar responde com um despacho a proibir despesas sem a sua explícita ordem. Nada mal para a imagem externa. Mas, para consumo caseiro, a realidade é bem diferente. Ignorando o rigor orçamental, o Governo valida um salário mensal de dez mil euros para o presidente da Agência de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público e de 7960 e 6998 euros para os dois vogais.
Ora aí está mais uma eficiente resposta à crise, convertida numa medida capaz de dar alento a todos aqueles a quem são pedidos esforços extremos.
A resolução, publicada esta semana em Diário da República, tem efeitos retroativos a 2 de setembro do ano passado, e a autorização é justificada com a "especial complexidade técnica, exigência e responsabilidade" exigíveis ao conselho diretivo da Agência.
Por muita qualidade e competência dos envolvidos, é difícil entender como num país alvo de intervenção financeira e com um salário mínimo inferior a 500 euros, gestores públicos recebem valores deste calibre.
Pretende Vítor Gaspar ser levado a sério? Ou, de novo, tudo acontece por culpa dos juizes do Constitucional?
Paulo Fonte | Correio da Manhã | 13-04-2013
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