Relatório psicológico, na PJ, diz que fracas medidas de coacção aplicadas a Miguel Forte na primeira detenção facilitaram abusos a mais 75 crianças
Libertado no início 2009 por um juiz depois de ter violado uma menor, de 13 anos, em Faro, Miguel Forte passou a gozar de uma sensação de impunidade. O pedófilo, que será em breve julgado em São João da Madeira, começou a atacar cada vez com mais frequência na internet e abusou de mais 75 crianças em todo o País.
A constatação surge no relatório da análise psicológica feita ao arguido, que está preso, e o perito diz mesmo que a Justiça falhou na supervisão. "Houve um total fracasso em termos de supervisão e nas medidas [de coacção] aplicadas. O arguido continuou a contactar menores e obtinha prazer em envolver-se em situações cada vez mais arriscadas. Apenas tomou mais cuidados para não ser apanhado", diz o perito do gabinete de psicologia da Escola da Polícia Judiciária.
De facto, quando foi ouvido pelo juiz após ter violado a menina em Faro, Miguel Forte, de 48 anos e que vivia em Benavente, ficou sujeito a apresentações quinzenais na esquadra. Ficou também proibido de contactar a vítima, mas o juiz não o impediu de usar a internet, meio pelo qual conheceu e marcou o encontro com a menor.
O uso constante das redes sociais leva o relatório a inserir o predador detidoem Julho do ano passado pela PJ – no campo dos 'chatters': predadores que já fizeram vítimas no passado e que usam a internet para abusar de crianças.
No documento anexo ao processo, o perito diz ainda que o abusador, acusado de 249 crimes sexuais, é uma pessoa manipuladora, com ausência de sentimentos de culpa e com traços de psicopata. No final do relatório é ainda lançado um alerta: Miguel Forte tem um elevado risco de voltar a reincidir e a privação da liberdade não será suficiente, uma vez que necessita de tratamento psiquiátrico.
20 CERTIDÕES
Miguel Forte está ainda a ser investigado por mais vinte casos de abusos sexuais. Foram extraídas certidões para investigação.
CONFESSOU PARTE
O abusador confessou parte dos crimes que cometeu, mas garantiu que foram as meninas que o assediaram sempre.
MEMÓRIA FUTURA
O Ministério Público de São João da Madeira já ouviu todas as vítimas do pedófilo para memória futura.
Ana Isabel Fonseca e Tânia Laranjo | Correio da Manhã | 20-09-2012
Comentários (2)
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Claro que o juiz, por estar sempre no fim da linha, é que paga as favas.
No entanto, a ser verdade que isto foi da lavra do juiz, temos mais um exemplo de que a nossa lei e a interpretação da nossa lei terão de se preocupar mais com as vítimas do que com proteger criminosos.
Quê
O «perito» terá feito o seu trabalho, identificando as circunstâncias que levaram à repetição. So what?
Ou alguém quererá que aos suspeitos de abuso sexual de crianças se não aplique a presunção de inocência e como medida cautelar se faça logo a castração quimica?
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