O Estado assumiu, através da empresa pública Parvalorem, a dívida de quase 10 milhões de euros de duas empresas de Vítor Baía ao BPN. A dívida resulta da concessão de créditos pelo banco, quando era liderado por José Oliveira e Costa, às sociedades Sunderel-Gestão Imobiliária, e Cleal - Investimentos Imobiliários, que foi gerida por António Manuel Esteves, o ex-sócio a quem Vítor Baía acusou de burla.
As dívidas da Sunderel e da Cleal ao BPN foram transferidas para a Parvalorem, sociedade criada para acolher os activos tóxicos do BPN no âmbito da privatização do banco, que foi nacionalizado no início de Novembro de 2008. Como a Parvalorem comprou esses créditos ao BPN, cabe agora a essa empresa pública recuperar o dinheiro.
Para já, segundo apurou o CM, a dívida da Sunderel rondará, incluindo juros de mora, quatro milhões de euros. Já a dívida da Cleal, incluindo também juros de mora, ascenderá a cerca de seis milhões de euros. Os empréstimos do BPN a estas empresas tiveram como objectivo financiar projectos ligados ao sector imobiliário.
Mesmo com a dívida total da Sunderel e da Cleal a rondar os 10 milhões de euros, "os créditos das empresas de Vítor Baía não são os piores, porque têm garantias reais " garante fonte conhecedora do processo. E tanto assim é que, segundo assegura a mesma fonte, "as garantias reais dão quase para pagar as dívidas [da Sunderel e da Cleal].
A transferência da dívida destas firmas para a Parvalorem não é um caso único: desde o final de 2011, essa sociedade pública já comprou ao BIC créditos malparados no valor total de quase 4,2 mil milhões de euros.
O CM tentou falar, por telemóvel, com Vítor Baía, mas sem sucesso. Foram enviados SMS com o assunto em causa, mas o ex-guarda-redes não respondeu. Vítor Baía realizou, nos últimos anos, investimentos imobiliários: um deles foi Hotel Évora Machede, no Alentejo.
Nacionalização
A nacionalização do BPN foi anunciada pelo Governo de José Sócrates no dia 2 de Novembro de 2008, um domingo.
6509 milhões de euros é o prejuízo que o BPN poderá implicar para os contribuintes, segundo o relatório da última comissão parlamentar.
500 grandes clientes do BPN deixaram de pagar os seus créditos ao banco. Essas dívidas foram colocadas na Parvalorem.
Hotel de luxo está fechado
O Hotel Évora Machede, unidade de quatro estrelas que é propriedade de uma das empresas de Vítor Baía, está fechado desde 2010.
O hotel é um activo da Perdiganito - Empreendimentos Turísticos, na qual Vítor Baía tem 90% do capital e António Manuel Esteves 10%. Vítor Baía terá investido cerca de quatro milhões de euros na construção desse hotel de luxo, localizado a 20 km do centro de Évora.
Miró dão suspeita de luvas ilegais
O Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) está a investigar o pagamento de comissões suspeitas pelo BPN, no âmbito de um contrato para a venda, a dois cidadãos espanhóis, de quadros de Miró que não chegou a ser concretizada. Em causa está uma verba de 2,5 milhões de euros.
A investigação do DCIAP foi desencadeada na sequência de uma queixa apresentada pela administração do BPN já nacionalizado. O caso remonta a Janeiro de 2003, quando dois funcionários do BPN celebraram um contrato com dois cidadãos do país vizinho para a venda das obras do famoso pintor espanhol.
Esse contrato tinha como data efectiva de entrada em vigor Junho de 2004. Em Julho de 2004, o BPN, alegadamente por ordem de Oliveira e Costa, renunciou ao contrato. Por esse motivo, cada um dos cidadãos espanhóis recebeu indemnização de 1,25 milhões de euros.
Correio da Manhã | 31-12-2012
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