O Estado gastou, por dia, durante os primeiros seis meses do ano mais 30,5 milhões de euros do que tinha nos cofres públicos. O défice do primeiro semestre de 2012 atingiu os 6,8%, quando a meta revista com a troika é fechar o ano nos 5%. Só a Segurança Social deverá atingir um saldo negativo de quase 700 milhões de euros, quando há meses o Governo estimava um valor positivo de 98,5 milhões de euros.
De acordo com os números ontem revelados pelo INE, o défice do Estado fixou-se nos 5597 milhões de euros para os primeiros seis meses do ano, o que dá uma média de 30,5 milhões de euros por dia a alimentar este buraco, apesar dos sacrifícios exigidos aos portugueses para equilibrar as contas públicas.
A troika já aceitou que Portugal feche o ano com um défice de 5%, acima dos 4,5% que constavam do memorando de entendimento, mas as contas indiciam que pode ser uma tarefa complicada sem recurso a mais medidas de austeridade ainda este ano. A UTAO já tinha salientado que historicamente em Portugal o défice sofre um grande agravamento no último trimestre do ano.
Nenhum membro do Governo reagiu aos números, mas Passos Coelho tinha apontado para um défice de 6,1%, que seria reduzido para o valor acordado com a troika através de um conjunto de medidas fiscais relativas à tributação do património e de receitas extraordinárias.
A pressionar as contas públicas está particularmente a quebra de receitas fiscais e a Segurança Social. Com um número recorde de desempregados – cerca de 1,3 milhões de portugueses -, há menos contribuições sociais e mais subsídios de desemprego a pagar. Daí que, pela primeira vez em 11 anos, o saldo da Segurança Social seja negativo em 694,1 milhões de euros no final do ano. A dívida pública foi revista em alta e dispara para os 119,1 por cento do PIB: 198,1 mil milhões de euros.
Governo calado sobre reposição de subsídios
O Governo não avançou ontem datas para a reposição parcial dos subsídios de Natal e de férias. O secretário de Estado da Administração Pública, Helder Rosalino, foi "omisso" segundo os sindicatos da Função Pública, depois de horas de reunião. A única certeza é que será anunciado para a semana, altura em que o Executivo também já terá resposta final da troika sobre as alternativas às mexidas na Taxa Social Única.
O líder do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), Bettencourt Picanço – que integra o conselho nacional do PSD -, reiterou que não há qualquer pon tode encontro possível com o Governo. Da Fesap, Nobre dos Santos, avisou também que a sua estrutura sindical recorrerá a todos os meios legais para que se cumpra a decisão do Tribunal Constitucional. Ana Avoila, da Frente Comum, reivindicou, em vésperas de uma manifestação, a reposição total dos subsídios.
Pedro H. Gonçalves | Correio da Manhã | 29-09-2012
Comentários (4)
Exibir/Esconder comentários
...
Calmamente ... vão ser anunciadas medidas violentas para sacar à força toda, preservando o capital do esforço nacional (com o argumento de que pode fugir).
MISSÃO IMPOSSÍVEL
Menos de um mês depois, o mesmo Pedro Passos Coelho «inventou» a TSU [taxa social única] que o País inteiro rejeitou. Incluindo patrões e trabalhadores.
Ao pretender «transferir» dos trabalhadores para os patrões, os créditos resultantes do aumento daquela taxa, não sei quem é que é…mais estúpido! Se é o mentor ou, o mensageiro!
Compreendendo-se, embora, as grandes dificuldades deste Governo, não podemos dar de «barato» as promessas… da oposição que, mais não fez, ainda, do que criticar as medidas do governo, sem oferecer quaisquer alternativas seguras.
É sabido que, nos últimos 15 ou 16 anos a economia do País foi suportada pelo consumo excessivo; muito para além das capacidades naturais dos salários dos portugueses. Tal excesso de consumo não pode deixar de ser da responsabilidade da banca; ao financiar a casa, o automóvel, as mobílias e as férias no estrangeiro. Créditos concedidos a 50 anos! Refinanciados na banca internacional, permitindo assim ganhos de dinheiro inexistente no País.
Porém, hoje, o sacrifício do ajustamento é pedido, apenas, aos trabalhadores e, à classe média (já quase inexistente) através do aumento sucessivo dos impostos…e mais impostos…até ao limite do impossível! E, quanto mais aumentam os impostos, quer directos quer indirectos, menor é a receita do Estado.
Aliás, parece evidente que o problema não está, com efeito, na receita; mas, sim na despesa. Na verdade, hoje, é perceptível que a rigidez da despesa da administração pública torna praticamente impossível equilibrar as despesas do Estado, à conta de impostos.
O aumento progressivos de impostos, até ao limite do impossível – como já está a acontecer – (com os reformados, pensionistas e desempregados), acabará por arruinar a actividade privada e, em particular as pequenas e médias empresas, aumentando o desemprego e provocando o descalabro do País.
Aliás, uma das formas de não sobrecarregar a consolidação das contas do estado, pelo lado da receita, é ter a audácia do lado da despesa. Não obstante, não se vislumbram quaisquer reformas no sentido de que o Estado deixe de gastar mais de 50% da riqueza produzida. E, isto – claro – não contando com os juros da dívida; sem os quais o orçamento deste ano ficaria equilibrado. Esta política parece-nos, pois, uma missão impossível!
NOTA: O presente texto foi elaborado segundo as regras do anterior acordo ortográfico.
Quando o inimigo nos ataca...
...
Tentando combater o pânico, levanta-se e vai até à porta que dá acesso ao cockpit, para ver se o Comandante tem a situação controlada.
A porta está entreaberta, e, com ainda maior consternação ainda, apercebem-se que piloto, co-piloto, e pessoal de bordo estão todos de volta do manual do avião, com a página aberta no índice, enquanto gritam "onde é que está o capítulo da aterragem de emergência" ?
E quando parece que a situação não pode ficar pior, o piloto e o co-piloto desatam a chamar-se mutuamente de "p******o", e envolvem-se numa cena de pugilato que o pessoal de bordo tenta sem êxito separar.
É assim que está Portugal.
Quem tiver pára-quedas, não hesite.
Para os outros, é uma boa altura para elevar os olhos para Deus.
Escreva o seu comentário
< Anterior | Seguinte > |
---|