Sindicatos policiais decidiram juntar-se à manifestação da CGTP. Militares decidem hoje.
O recuo do Governo no agravamento da Taxa Social Única (TSU) para os trabalhadores não foi suficiente para acalmar os ânimos e a contestação começa agora a alastrar-se a sectores que até aqui silenciosos. Ontem, foi a vez dos polícias anunciarem que se vão juntar à manifestação convocada pela CGTP para 29 de Setembro. E hoje, serão os militares a decidir se também descem as ruas de Lisboa em protesto contra os cortes que irão sofrer no Orçamento do Estado para 2013.
Além da adesão à manifestação, a polícia está também a planear greves para o sector, segundo avançou à Lusa o coordenador da comissão de sindicatos das Forças de Segurança. O facto de haver agentes das forças de segurança dos dois lados da barricada promete não ser problema, com Paulo Rodrigues a garantir que apesar da situação criar "algum constrangimento" entre os que se manifestam e os que estão de serviço, os polícias saberão "separar as coisas" e, "no limite, caso aconteça uma situação delicada", mesmo os que estiverem do lado do protesto "terão a obrigação de agir".
Na reunião de sindicatos em que se decidiu que as forças de segurança se juntam ao protesto estiveram representados a Polícia de Segurança Pública (PSP), a Guarda Nacional Republicana (GNR), a Polícia Marítima, os Guardas Prisionais, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). Entre as queixas das polícias destaca-se a redução de vencimentos e a não alteração dos estatutos profissionais ou não aplicação desses estatutos a todos os profissionais.
Hoje, é a vez da Associação Nacional de Sargentos e a Associação Nacional de Praças (ANP) reunir com o presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas, Manuel Cracel, para que seja feito "um ponto de situação" e para "definir formas de protesto", como avançou ao Diário Económico Luís Reis, presidente da ANP. Em causa está a redução de pessoal efectivo dos quadros permanentes.
As medidas de austeridade não dão tréguas e os vários sectores da sociedade já deram mostras de que não vão ficar em casa. As últimas manifestações contra os cortes anunciados têm sido bastante participadas e os apelos dos subscritores do manifesto "Que se lixe a 'troika'! Queremos as nossas vidas", que convocaram, por exemplo, a vigília de sexta-feira em frente ao Palácio de Belém, prometem não desarmar.
Ontem emitiram um apelo à participação na manifestação de sábado em que se lê uma clara censura aos efeitos práticos do Conselho de Estado: "revelou os mesmos defeitos de cegueira e surdez à voz do povo, característicos do Governo", acrescentando que foi "uma manobra de 'bluff' político".
Além dos protestos está a ser equacionada uma greve geral. O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, já admitiu em entrevista à Antena 1, que ela pode ocorrer antes da votação do Orçamento do Estado. Também a UGT disse na segunda-feira, já depois da reunião da concertação social, que mantém "em cima da mesa" o cenário de uma greve geral, mas a decisão depende do Orçamento do Estado para 2013.
Márcia Galrão | Económico | 26-09-2012
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