TVI24, 11-07-2012
Fernanda Câncio defendeu que Portugal está a ser governado por «lunáticos». No seu habitual comentário na 25ª Hora da TVI24, também não poupou Cavaco Silva.
A comentadora começou por dizer que não falaria sobre Miguel Relvas, por não ter «nada para dizer» sobre alguém que considerou «uma espécie de símbolo particularmente escandaloso do principal problema deste Governo». Esse, problema, defendeu, é a «incapacidade de lidar com a realidade e dela tirar consequências». E apontou como um exemplo disto mesmo as declarações de Vítor Gaspar, na sequência da reunião do Eurogrupo.
«O ministro está a gozar connosco. Ele está completamente desorientado e arranja aqui uma frase florida para dizer está tudo bem», defendeu Fernanda Câncio. «Se o ministro estivesse a gozar connosco era muito grave, mas eu temo que o ministro esteja convencido que não há outra hipótese senão esta fórmula e que não seja capaz de ver que esta formula não está a funcionar».
«Estamos a ser governados um pouco por lunáticos», atirou a comentadora. «Quando alguma coisa contraria os lunáticos, sabemos como é que os lunáticos reagem, em negação, que é quilo que estamos a ver. E, depois, em birra».
«Isto é a maneira como explico a reacção do primeiro-ministro à decisão do Tribunal Constitucional (TC)», apontou. «A falar da decisão do TC como se fosse o comentário de um comentador político, a pô-los no lugar».
Para Fernando Câncio, a reação do Governo parece indiciar não haver «um plano B» para compensar os cortes nos subsídios e interpretou a intenção do Executivo assim: «Vamos fazer de conta que o TC nos obriga a fazer mal a toda a gente».
Considerando que será «vergonhoso» se Governo mantiver os cortes, Fernanda Câncio considerou ainda mais incompreensível a posição de Cavaco Silva.
«Em termos de vergonha ainda temos pior do que o Governo, temos o Presidente da República», defendeu, considerando que o chefe de Estado «se demitiu das suas funções» quando «diz que sabia» que o corte dos subsídios «era inconstitucional e não mandou» esse diploma para o TC, para «não correr o risco de se se ficar sem orçamento».
«Temos um Presidente que se demite das suas funções mas não larga o cargo», concluiu.
TVI24 | 11-07-2012
Comentários (8)
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acabem-se com os ajustes diretos milionários e a maioria das escandalosas PPP's
Fernanda Câncio tem de pedir desculpa aos portugueses por não ter sido capaz de dizer o que se impunha: "a alternativa aos cortes dos subsídios é arrasar com a corrupção associada aos ajustes diretos milionários, absolutamente inúteis e totalmente perversos (!), PPP's - que deverão ser imediatamente dissolvidas (algumas) e reorganizadas (outras), para além da urgência imperiosa na renegociação, junto da Troika, da forma de saldar a dívida pública portuguesa, por forma a garantir, à população, um nível de bem estar mínimo, compatível com a Paz Social!...
Uns são lunáticos e outros, 'poucachinhos'...
José Pedro Faria (Jurista) -
Recordo ainda que o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa (que já fez parte de muitos júris de equivalências, e cuja honestidade considero acima de qualquer dúvida) considerou que só neste "país de parolos" é que a concessão de equivalências era tão questionada. Com o devido respeito pelo Professor (que foi meu examinador em prova oral há mais de 30 anos atrás, na FDL), parece-me que sintoma de grave "parolice" é querer ser "dr." de qualquer maneira, valorizando-se até o facto de se ter sido presidente da Assembleia Geral de uma Associação de Folclore (ainda que não se especificasse a relevância desse facto para o efeito em causa).
Portanto, relativamente à licenciatura de Miguel Relvas, não tenho dúvidas acerca da questão ética (ou de falta dela). E, inesperadamente, fiquei agora com sérias dúvidas relativamente à questão legal em virtude de uma fundamentação de equivalências genérica, claramente insuficiente, quando a fundamentação deveria ter sido feita disciplina a disciplina. O caráter vago da Lei não é suficiente para me convencer que qualquer "aguada" fundamentação serve para o efeito.
Sobre "ignorantes", "parolos" e "folclore" estamos conversados.
Sobre "lunáticos" falou a jornalista Fernanda Câncio. Andei a pesquisar nos dicionários e enciclopédias e conclui que um lunático é um visionário, um devaneador, um sonhador ou utopista. Enfim, alguém que tem fantasias.
E imaginei Vítor Gaspar sentado em cima de uma pedra, observando o céu estrelado com um cândido sorriso nos lábios, sonhando (vagarosamente) com uma sociedade onde a anarquia social, económica e financeira fosse absoluta. E onde, principalmente não existisse essa coisa hedionda chamado Estado de Direito democrático. E Tribunais e Juízes. E Leis e regras. E Constituição. Tantas porcarias a emperrar a engrenagem!
Bem, as coisas ainda não estão exatamente como os "lunáticos" pretendem. Mas nunca estivemos tão perto. Os resultados estão à vista. Não há plano "B", mas, felizmente, há luar. A execução do Estado Social pode prosseguir.
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