A procuradora-geral da República (PGR) é de opinião que a perceção que se tem da corrupção é maior do que a que existe na realidade. Contudo, os índices de perceção conhecidos, ainda assim, são muito elevados pelo que "todos os setores da sociedade devem empenhar-se no seu combate", disse Joana Marques Vidal que falava no lançamento do projeto "Gestão Transparente.org – Guia Prático de Gestão de Riscos de Corrupção nas Organizações".
A iniciativa decorreu ontem no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa.
Recorde-se que na semana passada a associação cívica Transparência e Integridade publicou o ranking da perceção da corrupção a nível mundial. Nesse relatório referia-se que em 176 países, Portugal ocupa a 33.ª posição, situandose em 15.° entre os países da União Europeia.
"No compito geral dos países mundiais Portugal não está assim tão mal, mas fica pior se o compararmos só com os países europeus", disse Joana Marques Vidal, lançando o repto para que se lute contra a corrupção ao nível do desenvolvimento económico e porque ela corrói os pilares da democracia.
Presente no evento esteve também a diretora do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), para quem a crise atual é uma "grande oportunidade" para diminuir a corrupção nas empresas e na Administração Pública portuguesa.
"Prefiro ver na atual crise uma grande oportunidade para diminuir a corrupção nas empresas e na Administração Pública porque é a ocasião para os eventuais corruptores ativos dizerem não", disse Cândida Almeida.
As empresas portuguesas, em particular as de pequena dimensão, que estão ou pretendam internacionalizar-se, vão poder a partir de agora ter acesso a um sítio na Internet que lhes dará "uma informação completa sobre os riscos de corrupção" para que possam exercer uma gestão transparente e que lhes permita serem mais competitivas.
A apresentação desse site aconteceu ontem no CCB com a presença de ambas as procuradoras. A iniciativa partiu da Inteli, um Centro de Inovação orientado para um novo modelo de desenvolvimento económico e social sustentável da economia portuguesa.
Diário de Notícias | 11-12-2012
Comentários (5)
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Sensação de atividade corrupta é maior do que a realidade
Sociedades de advogados e os famosos ajustes directos, principalmente a Câmaras municipais é uma vergonha.
Quem não acredita, escreve no google despesa publica, entre no site e escreva advogados...vejam por si só os ajustes directos e pasmem-se.
...
Mas isto não posso deixar de comentar. Logo na primeira frase temos uma grande asneira. O que se passa é exactamente o contrário: a realidade é muito pior do que a percepção.
Veja-se o caso Isaltino. Nunca se tinha ouvido nada de sustentável quanto a corrupção, tendo ele uma excelente imagem como autarca, sendo, aliás tido como autarca modelo. Eis senão quando surge uma denúncia relativa a uns dinheiros na Suiça provenientes de pagamentos ilícitos. A realidade estava muito bem ocultada, de tal forma que não houve percepção de coisa alguma.
E já antes, o famoso caso do fax de Macau a pedir a devolução do dinheiro que havia sido pago a Carlos Melancia para a construção do aeroporto de Macau, a operação "furacão" que surpreendeu muita gente, etc.. Alguma realidade, felizmente, vem vindo ao de cima, especialmente aquela relativamente à qual não houve percepção.
A percepção de que a Senhora PGR fala é tão só relativa a coisas que vêm a público e que são tão estranhas que toda a gente pensa que debaixo daquele fumo há muito fogo, como o caso "freeport", "submarinos", "PPPs", etc. Se a frase pretende justificar a incapacidade do MP de conseguir provar algo nestes casos, está a ir por um mau caminho, dando antes a ideia de um branqueamento da corrupção. Seria melhor dizer que há corruptos que a sabem fazer bem feita e que muitas vezes o MP não consegue provas suficientes para sustentar uma acusação.
O mundo está cada vez mais perigoso e Portugal está cada vez mais um lugar pouco recomendável quando pessoas com grandes responsabilidades vêm fazer declarações destas.
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