"Ainda ontem recebi lá em casa um azeite novo, de um grande produtor. Oferecer prendas é um costume português." Eduardo Gatroga, ex-ministro das Finanças em Governos do PSD, disse ontem, no tribunal de Aveiro, desconhecer casos de quaisquer más intenções de quem oferece ou recebe presentes. Não será, pelo que sabe, essa a via para alcançar favorecimentos.
Ouvido enquanto testemunha abonatória de José Penedos, ex-presidente da REN – acusado de corrupção passiva e participação económica em negócio, por, alegadamente, ter intercedido em benefício do filho e também arguido, Paulo Penedos, à data dos factos, advogado do empresário Manuel Godinho -, Eduardo Catroga afirmou que "há que desdramatizar tudo isso de receber prendas. Quem quer corromper outro não utiliza a via da prenda natalícia. Esse tipo de acusação não tem base nenhuma", acrescentou, evitando entrar em pormenores, dizendo que "há outras vias mais sofisticadas, toda a gente as conhece".
Preferiu deixar bem vincada, sim, a sua "estranheza" pelo facto de se usar as prendas natalícias para se criar "um caso e pôr em causa uma pessoa à prova de bala", disse, citando o ex-presidente da República, Jorge Sampaio, quando da sua recente passagem pelo Tribunal de Aveiro.
Ao longo da sua carreira de quatro décadas, nas empresas, "ainda na CUF, antes do 25 de Abril", e em missões de governação, Eduardo Catroga disse que "era perfeitamente normal, sobretudo no Natal, receber e oferecer prendas", do lado de fornecedores, de alguns clientes, incluindo de bancos.
"Quanto maior o grau de responsabilidade, maior a quantidade de prendas, há uma correlação, é típico da sociedade portuguesa. Nota-se mais em anos de vacas gordas, com resultados mais saborosos", explicou o gestor, confessando que teve a sala "grande" de casa mais recheada "de montinhos" quando das passagens pelo Governo, já que as próprias empresas que tutelava enviavam presentes.
"Malcriadamente nunca agradeci, considerava normal", referiu, assumindo, no entanto, que as grandes organizações empresariais, nos últimos anos, "até pela projeção mediática de muitos casos", fazem aplicar regulamentos e comissões de ética. "Encontrei isso agora na EDP", exemplificou.
Júlio Almeida | Diário de Notícias | 13-12-2012
Comentários (35)
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Vai tudo sair em liberdade...
Os advogados dos vários arguidos é sempre jantaradas em grupo...a gozar com a justiça...
Enfim...
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Por cá, vale o costume.
Receber prendas, cuspir para o chão, bater na mulher, etc. Tudo está certo, porque é costume.
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ACABE-SE com toda a fantuchada; quem quer prendas que as compre!!!!
Todos eles têm muito a esconder.
Mais um que perdeu uma grande oportunidade para esconder a sua falta de idoneidade para desempenho de funções públicas.
A ver vamos se os juizes se deixam impressionar por aquele desfile de vaidades que xuxam na politica. E ainbda falam eles na poliitzação da justiça. É ver onde milita esta malta.
Deixem-se de tretas Paulos, Luises,coisos e compª!
Quem quer corromper e quem é corrompido, não se deixa levar por uma garrafa de Wisky, por uma caixa de robalos, por uma Parker com aparo de ouro , ou por outras bijutarias do mesmo género!
MAL VAI A VIDA QUANDO A RAPOSA ANDA AOS RATOS!!!
Mal vão as investigações neste país quando tudo o que encontram para acusar alguém de corrupção são "PROVAS/INDICIOS" DESTES!!!!!
É trágico a revelador da INCAPACIDADE dos orgãos que investigam!
No entanto, eu que sou má lingua estou mais tentado a achar que é deliberado! Acusam-se os tipos de terem recebido uns bacalhaus e depois acaba tudo por ficar nas águas dos mesmos!
Óbviamente o homenzinho tem razãozinha
Conversa fiada...
Um agradecimento ou um "lembra-te de mim".
Não é com robalos ou parker's com aparo de ouro que se compra alguém... mas num país onde é preciso ter "conhecimentos" para tudo e mais alguma coisa, fica sempre bem uma lembrança no natal...
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Oferecem tantas coisas ao Snr. Catroga. Porque será ?
A mim ninguém me oferece nada ! Porque será ?
Quando lhe pedirem para devolver o favor será que vai ter coragem para dizer não !
Ninguém gosta de mim.
Je m'en fous.
A mim já me ofereceram montes de mixuruquices...
A mentalidade dos tais escravos de cupróar de que falava Sena!
Mas como dizia minha avózinha; "Favores de mer)@ pagam-se a cag@&"!
José Pedro Faria (Jurista) - "Muito obrigado, mas..."
Já por algumas vezes me pronunciei aqui acerca desta questão e já apresentei o meu ponto de vista em determinada audiência de julgamento, perante a aparente surpresa do coletivo.
Especialmente nas situações em que existe um contacto regular e continuado entre um cidadão e um serviço público (mas não apenas), a aceitação de uma oferta é suscetível de criar um clima de cumplicidade entre ofertante e ofertado, colocando em risco princípios como o da isenção e da imparcialidade. Atente-se que não importa exclusivamente o valor patrimonial do(s) objeto(s), não é esse o único critério relevante.
Mesmo que não seja possível estabelecer uma ligação clara entre uma vantagem patrimonial e uma contraprestação (designadamente fazer subir um papelinho, que está no fundo de uma pilha, para o seu topo...), existe sempre a questão da imagem dos serviços públicos (à mulher de César...).
Portanto, perante uma oferta nas condições mencionadas, a conduta ideal do potencial ofertado é responder de forma simpática "muito obrigado, mas não posso aceitar". No máximo (ao estilo da expressão "por mero dever de patrocínio"!) admito que uma circular interna normalize condutas neste âmbito, sendo autorizada a receção de ofertas a benefício dos serviços na sua globalidade, ou não sendo isso possível, que as mesmas sejam juntas a um bolo global de todos os serviços, e entregues a instituições de solidariedade, que com os objetos poderiam ficar se lhes forem úteis, ou, em alternativa, vendê-los para seu benefício.
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Quem entrega uma prenda a um funcionário nas circunstâncias acima referidas muito provavelmente está a tentar "lubrificar" a pseudorelação existente para estar bem cotado o dia que necessite de um favor especial.
O redutor
É por isso que muita gente dá uma lembrança à empregada doméstica ou ao porteiro do prédio? É "UMA SIMPLES AFIRMAÇÂO DE SUBSERVIÊNCIA FRENTE AOS MAIS PODEROSOS" (sic)?
Ou há uma qualquer forma de contrapartida esperada?
Mas, ainda que tivesse razão, os servos, como sabe, prestam vassalagem ao Senhor, mas em troca recebem “protecção”. Ou só sabe da “tradição” a metade?
Este país não sai disto...
A solução para a perda de rendimento dos Magistrados...
Pelos vistos, pelo desenvolvimento do raciocínio catroguiano, não virá daí mal ao mundo, nem vossas independência, isenção e impercialidade sofrerão mácula!... E tudo será, naturalmente, bem aceite pela comunidade...
Top Chef redutor?
Mas explico!
É ao contrário!|
Subserviência face aos poderosos É A EMPREGADA DOMÉSTICA OFERECER PRESENTES AO PATRÃO!
JVC: Afinal sempre aparece alguém esclarecido. Tem toda a razão. Mas essa relação dominante/dominado, faz parte da natureza animal incluindo os humanos! Os cães pequenos oferecem o traseiro e subordinam-se de barriga para o ar face aos cães grandes!
E todos os primatas incluindo os pelados assumem o mesmo comportamento!
Lamentávelmente parece que a grande maioria dos comentadores de esqueceu de ler Desmond Morris na sua adolescência!
De lamentar apenas que entre os humanóides nacionais a evolução não ter ainda atingido o nivel ético de que José pedro Faria (jurista) refere e muito bem no último parágrafo do seu pertiente comentário!
Não leram Montesquieu
Pedido de esclarecimento
Montesquieu teria eventualmente razão.
Quanto a Platão, tem toda a razão mas trata-se de um assunto diferente.
Quanto ao último ponto ocorre-me perguntar-lhe: Não somos nós os herdeiros da Lei Romana?
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É pois perfeitamente "natural" que também se dê azeite aos políticos; resta agora apenas supor que tipo de ladaínha o terá acompanhado, mas não andará longe disto:
- divindade catroga, dai-nos contratos muito lucrativos;
- divindade catroga, arruinai os nossos inimigos;
- divindade catroga, olhai por nós...
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Mas, quando exemplo vem de cima, ao ponto de um ex-presidente cá do Burgo ter ficado com todas as ofertas que recebeu no exercício das suas funções... Assim se vê a "normalidade" com que estas coisas são encaradas aqui na ilustre Lusitânia...
Até com um café
Não há almoços grátis !
A corrupção é como um vírus à espera de um hospedeiro.
O mais grave é ceder ao pequeno e primeiro favor.
É a pequena brecha na coerência, e que vai permitir que não se negue o segundo, depois o terceiro, o quarto favor, já maior,e se quebrem as resistências,os argumentos de resistir, pois, se já aceitou, e sabia que não devia, onde está a lógica de não voltar a ceder...não tem desculpa, já foi desonesto... e depois é a pressão , a chantagem velada da ameaça de espalhar que é um vendido.....
Deus nos livre dos salamaleques e lambe-botas que tudo fazem, com facilidades e ofertas, para dar a dentda da víbora ..
Compreendo o que sentiu RicardinnY, no caso do simples café.. .
Por isso se diz e com razão..."não há almoços grátis !"
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Agora o Snr. Catroga deve ser um grande ingrato pois dão-lhe prendas e depois, sem qualquer sentimento, recusará qualquer pedido que lhe seja feito.
Este se calhar é um que já devia estar preso para pensar melhor nas prendas que aceitou.
É só podridão despudorada ... mais nada.
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http://www.agencia.ecclesia.pt...?id=89568
Xiiiii !
Mas a avaliar por uma significativa parte dos comentários isto está mesmo de rastos!
Qualquer trapo do bazar da esquina srbe para arranjar grandes contratos!
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