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REVISTA DE 2012

As prioridades ou palavras ocas

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O Governo anunciou ao País, com pompa e circunstância, que vai dar absoluta prioridade ao combate ao crime económico e ao crime informático. Mas é preciso recordar ao Governo que não basta anunciar medidas. Elas surgem sempre em momentos em que se prevê que o aumento da criminalidade e da insegurança dos portugueses vai ser uma inevitabilidade.

Todos os Governos usam a mesma receita para dar a aparência que estão preocupados e atentos. Já cansa de tantas promessas não cumpridas. Todos leram pela mesma cartilha. Mas é justo que se diga que o Governo de Passos Coelho, nesta matéria, da justiça e da segurança, ainda goza de alguma presunção de inocência. O tempo encarregar-se-á de clarificar se continuamos a ter mais do mesmo. A avaliar pelas medidas tomadas noutros sectores da sociedade, temos motivos para estar preocupados ou pelo menos vigilantes. O combate à criminalidade económica, ao crime informático e a fuga ao Fisco não pode ser só lembrado em períodos de convulsão social ou de ruptura financeira. Até hoje nunca se trabalhou com base na prevenção, com políticas certeiras que antecipem o acontecimento.

Ninguém duvida de que o crime económico e a fuga ao Fisco, por via de truques informáticos e outros, vão aumentar por culpa da crise social e económica, do desemprego, da miséria e da fome. Não dá mais para apertar o cinto. Quem manda nos portugueses, quem entra nas suas casas, sem pedir licença, quem com eles dorme e acorda, é a troika e não o Governo. A troika não conhece os portugueses, não sabe o que sofrem nem as suas angústias e necessidades. Se são de carne e osso pouco importa, o que é preciso é que não comam e, de preferência que morram depressa, porque não são mais do que números.

Quanto às prioridades, aconselha-se, como S. Tomé: "Ver para querer". A Justiça devia ser todos os dias uma prioridade política. E o problema não está só na especialização e no julgamento sumário para todas as situações em flagrante delito. A grande questão no combate a este tipo de criminalidade é a falta de peritos informáticos que saibam garantir a recolha de prova digital. O factor de insucesso na eficácia está na avaliação exaustiva dos meios informáticos que permitam seguir o rasto do dinheiro e desmontar o mistério da forma como é escondido. O DIAP tem, apenas, um perito e na Polícia Judiciária o crime informático é mais do mesmo. Como o crime anda sempre à frente das medidas legislativas é preciso actuar de forma rápida e preventiva. Por favor chega de palavras e passe-se a acção, com ou sem troika.

Rui Rangel | Correio da Manhã | 19-01-2012

Comentários (4)


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pois...
Estamos perante um governo que falar, até fala, mas fazer algo de concreto....Isso já é outra história. Quanto ao mais do mesmo, sim concordo. Contudo, é mais do mesmo, só que bem pior.
Quantos já não estão a sofre na pela a medidas deste governo....
pois... , 19 Janeiro 2012
Creio...
O instinto de sobrevivência, a capacidade de resposta e definição de novos caminhos... é inerente à natureza humana...

Coadjuvada por uma energia sinérgica, se se quiser, uma ordem cósmica superior, constitui um factor de esperança... muito mais elaborado do que qualquer tecnologia, creio...

Ainda que o não saibamos explicar cientificamente, sentimo-lo intrinsecamente...

E isso ajuda-nos a respirar...

E a acreditar que, não obstante a lógica da explanação apresentada, quando menos esperarmos, há-de haver uma alteração significativa - diria mesmo, a subversão total - desta (des)ordem maligna...
Mia , 19 Janeiro 2012
...
Deixemo-nos de paninhos quntes: a fuga e a evasão fiscal já deixaram de ser cime e passaram a ser mera legítima defesa contra o roubo institucionalizado.
L. C. Sula , 20 Janeiro 2012
...
A falta de peritos para se combater o crime informático é mais um mito desculpabilizador que se invoca. Com oito dias de formação fica-se habilitado a investigar mais de 90% deste tipo de criminalidade. Assim se queira.
Valmoster , 20 Janeiro 2012

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