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REVISTA DE 2012

Os juízes e o uso da transparência

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A transparência na actuação do Estado e dos titulares dos cargos políticos é uma exigência de qualquer regime decente. É por isso normal, banal até, que o Supremo Tribunal Administrativo tenha dado razão à Associação Sindical dos Juízes (ASJP) na sua queixa contra a recusa de 17 ministérios da era Sócrates em entregar-lhe documentos com as despesas dos ministros e do pessoal do seu gabinete.

Afinal, o que estava em causa era apenas o direito à informação. A exigência da ASJP, porém, não pode ser enquadrada pelo zelo na defesa da transparência. O que estava em causa era a obtenção de informações para a defesa de um interesse corporativo. Não há nisto nada de mal, desde que os juízes sejam capazes de perceber que os dados que poderão agora obter (se ainda existirem, o que se duvida) tanto podem ser úteis para a sua causa e para a saúde da democracia como instrumentos em favor da demagogia e do populismo.

Se um ministro gastou num mês 50 mil euros em hotéis, os juízes terão não só razões para se sentir discriminados nos cortes a que foram sujeitos como ajudarão o país com a denúncia dos abusos; mas se caírem na tentação de colocar a representação do Estado ao nível da indigência, estarão a dar argumentos aos que, perante a crise, vão dizendo que isto só lá vai com “um Salazar”.

Editorial Público | 07-02-2012

Comentários (7)


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denunciando a nossa galinha, e nao a da vizinha
Nem mais, sem prejuizo de se dever denunciar quando 'e devido. Um juiz de circulo na Terceira quando fazia julgamentos compridos no Faial recebia 50 Euros de ajudas de custo por dia e o hotel mais barato ficava por 85. Enquanto pagava para trabalhar assistia a protestos na RTP Acores onde se viam arbitros de Andebol da segunda divisao a serem agredidos a porta do hotel onde ficavam, que por acaso tinha uma diaria de 120 Euros. Acreditemos portanto que os arbitros faziam um sacrificio ainda maior do que os juizes e que tambem pagavam para arbitrar. Nao se trata de miserabilismo nem de dignidade mas de mera funcionalidade, pelo menos enquanto nao acabarem com o Tribunal do Faial ou se passarem a fazer julgamentos por videoconferencia.
kruegger , 07 Fevereiro 2012
O REGABOFE
Salvo o devido respeito, o editorialista dá uma no cravo, outra na ferradura...
É facto notório que caímos neste estado de "pelintrice" devido ao autêntico "regabofe" da classe política.
O resto ... são "cantigas"!...
António , 07 Fevereiro 2012 | url
vitória de Pirro
Percebo este artigo e concordo com o mesmo.
Mas a dicotomia extrema que consta do último parágrafo é um puro exercício retórico, para vincar a mensagem que se quer fazer passar.
E de resto, para quem tem dois neurónios no cérebro entre os quais passa electricidade, esta decisão não acrescenta nada. O governo anterior, ao recusar-se a fornecer os documentos pedidos, já revelou tudo o que havia a revelar, ou seja, que tinham muito a esconder.
E como os seus cabecilhas podem ter todos os defeitos do mundo mas não são estúpidos, de certeza que já só vão aparecer facturas de compras da farmácia, nomeadamente pomadinhas para micoses nas unhas dos pés dos senhores ministros, etc.
Os documentos comprovativos dos gastos "cabeludos" que foi necessário esconder já devem estar junto do corpo do Jimmy Hoffa...
Hannibal Lecter , 07 Fevereiro 2012
...
"a representação do Estado ao nível da indigência"?
Quem é o cavalheiro que escreveu este editorial?
Não diga asneiras. Ao contrário do que afirma, não tem importância alguma se o ministro gastou 50 mil num hotel ou 500 mil num motel, DESDE QUE SEJA JUSTIFICADO.

Mas se não for justificado, não pode gastar nem 5, quanto mais 50 mil.
E esta exigência nada tem a ver com colocar o Estado (leia-se políticos, em especial de avental, mas já não os juízes, pois estes, para o articulista, não são "representação do Estado") em estado de indigência. Apenas em estado sóbrio e honrado.
É isto que o senhor editorialista não alcança.
Caramelo pouco amigo da malta do avental , 07 Fevereiro 2012
...
Só espero que as informações prestadas não venham "retocadas". Esperemos para ver.
Zeka Bumba , 07 Fevereiro 2012
...
Aníbal Leitor, quem é o Jimmy Hoffa?
sempre a abrir , 08 Fevereiro 2012
O conhecedor da causa
O editorialista não analisa os actos, mas como como anticorporativista que é àcerca de todas as profissões, excepto a dos jornalistas, insinua sobre causas e motivações que desconhece. Esta gente tresanda. Temos que folhear os jornais com pinças, mantendo o nariz bem tapado.
Picaroto , 08 Fevereiro 2012

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