Borges de Pinho - Não se trata de pintos de aviário nem de capoeira, mas de um conjunto de personalidades que, pelas suas funções de "poleiro", têm vindo a sinalizar a vida do país, paralelamente a outras figuras que, não sendo pintos de nome, se têm vindo a revelar autênticas "aves" no mundo profissional e político, sempre "voando" graças aos "chico-espertismo e "videirismo" de intervenções no governo e política, e sua cobertura mediática. Mas hoje cingir-nos-emos tão só a alguns Pintos, de nome e nomeada.
O Marinho, o da Ordem dos Advogados, que já nos habituou a polémicas e a uma "falação"destravada, intervencionista e comicieira sobre a Justiça, que apoda de "corporativa e medieval", nunca consegue ultrapassar uma crónica azia para com os magistrados dizendo que "a generalidade dos juízes estão mais preocupados em protegerem-se uns aos outros do que em defender o estado de direito e os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos" (JN, 13.2.12).
Com uma incontinência verbal onde predominam críticas populistas, cáusticas e comicieiras, "vê" na Justiça um esquema despótico e fascista minado por lobies e associativismos classicistas em que os magistrados figuram como autores e réus. Ignorando-se o porquê de tanto azedume, incontinência e agressividade, admite-se apenas que isso resulte das suas vivências como causídico, desaguizados com algum magistrado, dificuldades ou questões da vida pessoal ou jornalística, mas de todo se impõe que ponha nome aos bois e não caia na pecha de generalizar particularidades, tomando a nuvem por Juno, o que mina toda uma credibilidade.
Aliás já não há pachorra para tantos dislates e usuais diatribes nem para as palavras incendiárias e agressivas que continuadamente "bolça", nem sequer justificáveis na sua luta contra "cartéis" e "sociedades" de advogados e magistrados, ainda que caiam no goto do povoléu e de causídicos principiantes e (ou) "pé rapado".
Usando um "verbo" populista, comicieiro e agressivo, todo este "messianismo" perde valência e credibilidade ao deixar entrever recalcamentos, sentimentos pessoais, despeitos, sanha persecutória grosseira e uma rude agressividade que, desaguando no insulto fácil, até sugere uma esconsa mas assumida militância política.
Aliás a projecção pública e a nobreza do cargo não se compaginam com tanto desaforo e vociferação no discurso, sendo certo que toda uma classe, caracterizada por desenvolver uma acção digna, nobre, responsável, cordata, de mútuo respeito e cordial, não "comunga" das suas tricas pessoais com a ministra e magistrados, não convive com os desaforos deste seu Pinto ou o acompanha nas "guerras" que comprou.
Aval, a tê-lo, aliás, será tão só de uns "minoristas" sem estatuto e estaleca.
O outro, o Monteiro, vem desempenhando apenas o papel que lhe pedir am no concreto de uma muito questionável acção. Nunca tendo sido brilhante nem uma figura de incontornável respeito, desde sempre denotou manifestas inépcia e inabilidade e todo um notório desenquadramento ante as vivências da magistratura do MP e suas estruturas. Suspirando-se desde há muito pelo fim do seu "reinado", tão só se admite que tenha sido vítima de perversos aconselhamentos e de uma "corte" deficiente, mal sã, vaidosa, endeusada, ciosa de projeccão mediática e a tresandar a incompetência, insensatez e arrogância.
Nunca tendo tido, nem sabido ter, a coragem de se distanciar devidamente da política, demarcando-se, não só alimentou como mesmo evidenciou suspeitosas dependências, e consequentemente viu as suas acção e posição "enlameadas" por casos de total descrédito e incontornável suspeição, que inquinaram e macularam toda uma classe e destruiram a sua imagem. Sem estaleca para a função, mal aconselhado, a sua tão dúbia e muito discutível "independência" tem, felizmente, os dias contados.
Aliás, diga-se, a sua última entrevista à SIC de modo nenhum serviu para "lavar" uma imagem e limpar o "cinzentismo" de um mandato que se desenrolou e desdobrou em dúbios e perversos avais e inacções, e até ... certo servilismo político.
O Nogueira, do Porto, numa entrevista corajosa e sem papas na língua como desde há muito nos habituou, fez uma ligeira amostragem dos podres da justiça, das perversas intromissões do poder e do "protectorado" lisboeta que logo se instalou com o outro Pinto, o Monteiro, deixando entrever os males da política nas leis e não só, e toda a podridão de uma justiça que vem sendo apenas compaginável com certa corte de advogados e os poderosos com dinheiro, aliás uma justiça enrodilhada e amarfanhada por leis que os políticos aprovaram e mantêm.
Quanto ao desaforo das equipas especiais, à denúncia da "concepção castrense do procurador-geral" quanto ao MP, à importância do "respeito pelos direitos, liberdades e garantias porque estamos a deixar de ser um Estado de Direito", à perversa maquinação de um sistema centralizado em Lisboa onde os problemas se discutem ao arrepio dos interesses da província e restante país, sem dúvida alguma que incondicionalmente o acompanhamos, ainda que de todo não compreendendo por que motivo não se demitiu a quando das ofensivas e absurdas "ingerências" do MP de Lisboa na área da sua jurisdição.
E a finalizar, só nos resta formular votos de que o novo PG seja realmente competente, de todo independente e não "castrador" da acção do MP nortenho e da província, e que não o mine nas suas honra, competência, dignidade e independência funcional, retirando-lhe "forais", enfeudando-o à Rua do Politécnico ou "enfiteuticando-o" em outros e mais "morgadios", "coutadas" e "fazendas". Num inaceitável protectorado colonizador e medievo.
Borges de Pinho | Correio do Minho | 16-03-2012
Comentários (12)
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QUALIDADES
Dispara a todos os azimutes.
Daí a pouca ou nenhuma utilidade do seu texto.
Com o devido respeito, como é óbvio.
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vejámos; querem criticar algo, melhor, alguem, dizendo, grosso modo, falam muito e são causticos e até agressivos, no entanto fazem exactamente o mesmo. Estão a falar dos outros e, com certeza, deles próprios.
Exemplos? basta ler o texto supra.
CUMP.
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Ah, convém não esquecer da pose de Marinho Pinto para a Penthouse... a gloriar-se por faltar às aulas e de se ter formado com média de 11. Na verdade, um grande exemplo para a classe...
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Pintos há muitos, que é o Nogueira
cps.
Boas
O actual BOA apenas consegue honrar a OA com artigos panfeletários, demagógicos e sem substância científica, ou divulgando a sua pessoa (e o nível da advocacia portuguesa que o apoia) nas páginas da Penthouse, ao lado de nomes não menos famosos como Natália Hot ou de Barbie Strong (http://penthouse.pt/artigos/en...o-e-pinto/). (Há todo um universo de clientes que não se pode perder, e aos quais é preciso chegar, já pensando no dia em que acabar o "poleiro" (sic)…)
Espera-se, para breve, um ensaio nas páginas da Gina e um trabalho focando o "ângulo mais humano" da sua personalidade nas páginas de Hustler.
É da minha vista?
Terei lido e interpretado mal ou este artigo é mais uma acha para a fogueira da regionalização?
Depois de tiros assertivos em figuras sediadas em Lisboa, o elogio a uma figura do Porto, classificada de nortenha, terminando com os votos e conselho sobre o futuro PGR, que não deve castrar o MP nortenho e da província, com poses distantes na Rua do Politécnico.
Sim, porque para este Pinho, tudo o que vem de Lisboa é castrador da magnificiência nortenha.
Com um País tão pequeno há quem ainda não tenha ultrapassado o miserabilismo de pensar a preto e branco.
Muito haveria também a dizer do Pinto nortenho, mas aí o Pinho cala-se, como convém, porque este Pinto é do Norte e no Norte só há gente perfeita.
Bem dizia Aleixo: "para a mentira ser segura / e ter profundidade / ter que trazer à mistura / qualquer coisa de verdade".
Está aberta a campanha para um PGR do Norte? Se calhar é disso que este artigo trata.
Será que todos olharam para a árvore e não viram a floresta?
Respeitosamente