"A comunicação é um processo simbólico através do qual a realidade é produzida mantida e transformada." Habermas. Um jornal é o que é. E o que ele é, é o que ele publica. O que ele publica e o seu público. Mas quem faz o público do jornal é ele mesmo, pelo que é.
Quando um jornal publica verdades, ainda que custem e sejam terrívelmente verdade, podemos não gostar mas não podemos deixar de lhe reconhecer o mérito.
Uma notícia é como é, e só é uma verdadeira notícia se tem bases, está bem apoiada e tem fontes fidedignas.
Todos nós sabemos que a maioria de nós não compra o jornal pelos fantásticos artigos de investigação mas sim, muito mais, pelos "fantásticos títulos" que consegue.
E todos sabemos que um jornal é tão mais performativo quanto mais é apelativo, quanto mais é chamativo. E vende.
Assim, há que ser performativo mas publicar com rigor. O bom jornalismo sabe que com o rigor pode "fazer coisas com as palavras" e o jornalista menos bom também sabe.
"Um artigo de jornal é uma representação convincente quando estabelece com sucesso uma sensação de veracidade".- Marcel Broersma
Há uma série de cautelas que um jornal deve ter e, quando me refiro a um jornal, refiro-me aos seus jornalistas, à sua linha editorial a quem enfim, lhe dá vida.
E quando me refiro às cautelas refiro-me à honra, à consideração pública que o outro nos merece e merece em geral.
Por isso, sabendo quais os jornais mais lidos e como são lidos, chocou-me a notícia vinda a público num dos diários portugueses mais lidos que publicou em letras grandes, um título comprometedor com um corpo de notícia ainda mais comprometedor.( Para o jornal, obviamente.)
Só de pronunciar o titulo me arrepio e ainda me arrepio mais quando leio os nomes dos expostos ao público que compra o jornal,... um dos mais vendidos.
O arrepio continua quando me confronto com a falta de rigor do que ali é dito e pergunto-me: Quantas vezes teremos de nos sujeitar (qualquer um de nós cidadão), muitos de nós com cargos de muito responsabilidade, a ver o nome arrastado de forma leviana em praça pública?
Não se trata apenas de educação, de cortesia, de mais ou menos cuidado a dizer "as coisas", trata-se de normas de conduta que fazem parte de "regras" que estabelecem a "obrigação e o dever" de cada cidadão se comportar relativamente aos demais com um mínimo de respeito moral, cívico e social.
E faço ainda outra pergunta:
Que sentiria o Sr Director do Jornal em questão se um bela manhã no seu País, lê-se uma página pública com o titulo : Director do jornal X expulso por incapacidade com pena disciplinar.
E que sentiria se, para além de saber que tal afirmação não correspondia minimamente à verdade, se tivesse aposentado, tivesse deixado a carreira da sua vida, por motivos de doença grave?
Que faria Sr Director do Jornal X (talvez) o jornal diário mais lido no nosso País?
Adelina Barradas de Oliveira | Ré em causa própria, Expresso | 05-12-2012
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Comentários (1)
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Pois vende...
Mistifica grosseiramente as situações e raramente emenda a mão. Nem que fosse pelo respeito devido aos leitores - pelas suas vítimas já vimos que não tem respeito nenhum - devia fazê-lo sem a tal ser obrigado.
Contudo, o director financeiro esfrega as mãos de contente... o papel vende bem!